“Currículo encarnado”: cartografia simbólica e afinidades pós-coloniais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Lima, José Gllauco Smith Avelino de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/19894
Resumo: Esta tese possui como objetivo principal refletir acerca dos elementos conceituais definidores do conceito currículo encarnado, concepção curricular identificada a partir da análise em torno da racionalidade empregada no trabalho de doutoramento do Professor Antonio Fernando Gouvêa da Silva, intitulado A construção do currículo na perspectiva popular crítica: das falas significativas às práticas contextualizadas, escrito e defendido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no ano de 2004. Debruçamo-nos, também, sobre a problematização das afinidades entre as teorias pós-coloniais - perspectivas analíticas voltadas para a discussão em torno da colonialidade e seus efeitos na tessitura social contemporânea - e o conceito currículo encarnado. Argumentamos que as reflexões presentes no trabalho supracitado trazem um conceito de currículo articulado com base em três elementos conceituais simbióticos, a saber: a negatividade, o diálogo e a práxis, os quais, ao endossarem a possibilidade de uma prática curricular entranhada no contexto de vida dos sujeitos, apresentam algumas inclinações pós-coloniais que propiciam a problematização sobre manifestações neocoloniais na esfera curricular, delineando uma crítica ao modus operandi do colonialismo, particularmente, em sua dimensão cultural e epistêmica da qual a educação é indissociável. Para tanto, utilizamos como procedimento metodológico a cartografia simbólica, estratégia de construção do conhecimento sistematizada por Boaventura de Sousa Santos, a qual nos permitiu a construção de mapas interpretativos que possibilitaram a simbolização do universo que se almejou compreender, qual seja, as categorias conceituais citadas acima, as quais, em nosso entendimento, fundamentam o conceito currículo encarnado. Nessa direção, nos ancoramos em um diálogo profícuo com a abordagem teórica de Paulo Freire e de alguns de seus intérpretes no que tange à discussão sobre currículo, especialmente as reflexões desenvolvidas por Antonio Fernando Gouvêa da Silva, e com autores cujos desdobramentos teóricos ressoam em perspectivas de humanização, justiça e emancipação social, dentre os quais destacamos: Theodor Adorno, Hugo Zemelman, Wilfred Carr, Adolfo Sánchez Vázquez, entre outros. Buscamos, de igual maneira, nas contribuições de autores considerados pós-coloniais, como Hugo Achugar, Gayatri Spivak, Boaventura de Sousa Santos e Enrique Dussel, para citar alguns, as razões pelas quais consideramos o currículo encarnado como um lugar de enunciação político-pedagógico, propiciador de uma práxis educacional que se engaja em um trabalho curricular de tradução da realidade com o intuito de nela enxergar aquilo que oprime para, então, suscitar a construção de um currículo escolar como projeto de conscientização para libertação em relação ao que é injusto e desumano. Consideramos, por fim, que o êxito dessa tradução curricular encarnada implica a ampliação do número de falantes mobilizados na produção de um conhecimento que anseie pela emancipação social e contribua para o enriquecimento das capacidades humanas quanto à manutenção da vida e da dignidade das pessoas.