A diversidade e estrutura de assembleias de morcegos (Chiroptera) na Caatinga do Rio Grande do Norte, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Mena, Juan Carlos Vargas
Orientador(a): Venticinque, Eduardo Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/29699
Resumo: Na Caatinga a heterogeneidade espacial das diferentes ecorregiões e fitofisionomias, bem como a sazonalidade das chuvas e os pulsos dos recursos alimentares, foram atribuídos como fatores chaves no controle da estrutura e a dinâmica das assembleias de morcegos nesta floresta seca. Quase 95% do estado do Rio Grande do Norte (RN) corresponde à Caatinga, que abriga abundantes cavidades subterrâneas (~ 1000 cavernas). Como os padrões de diversidade espacial e temporal da fauna de morcegos são praticamente desconhecidos na Caatinga, o objetivo principal desta tese foi explorar os padrões espaciais e temporais de riqueza, abundância e composição de espécies de assembleias de morcegos em diferentes paisagens, fitofisionomias e em seus abrigos em cavernas. No Capítulo 1, explorei a riqueza e diversidade espacial e temporal na composição espécies e trófica de morcegos através de capturas com redes de neblina em 5 habitats diferentes de Caatinga em seis regiões do RN. Em 99 noites de amostragem, capturei 1575 indivíduos de 31 espécies, com um esforço de captura de 242 425 hm2 . Foram encontradas diferenças na composição de especeis e guildas tróficas entre as assembleias tanto nas diferentes áreas de estudo como nos diferentes habitats amostrados, provavelmente relacionadas às preferências ecológicas especificas das espécies e pelas características da paisagem de cada área. A riqueza e a composição das espécies não apresentaram variação sazonal, e abundância variou pouco entre as estações. Os recursos alimentares encontrados ao longo do ano podem ser o principal fator que sustenta uma estrutura semelhante da assembleia durante a estação seca e chuvosa. No capítulo 2, monitorei nove cavernas em quatro regiões da Caatinga do RN para examinar os efeitos das estações e do tamanho das cavernas sobre a riqueza, abundância e composição das espécies de morcegos cavernícolas. Utilizando dois métodos, registramos 17 espécies de morcegos em 2020 indivíduos capturados e 3200 indivíduos observados durante 61 dias de amostragem. A riqueza e a composição das espécies não mudaram sazonalmente e não foi encontrado um recambio temporal das espécies entre as estações. Um aumento na abundância geral de morcegos foi encontrado na estação chuvosa, principalmente pelos insetívoros, e alguns nectarívoros, especificamente no final da estação chuvosa. Foi encontrada uma interação entre as estações e o tamanho da caverna. Na estação chuvosa, as cavernas maiores tenderam a variar mais em abundância do que as cavernas menores provavelmente pela maior capacidade de carga das cavernas maiores (maior espaço e diversidade de microclimas). No entanto, a composição das espécies entre cavernas grandes e pequenas foi diferente. Em geral, o aumento sazonal da abundância nas cavernas é provavelmente atribuído à disponibilidade temporária de recursos alimentícios e a fins reprodutivos. Os morcegos frugívoros, insetívoros e animalívoros foram reprodutivamente ativos durante a estação chuvosa, onde seu alimento preferido é mais abundante. Enquanto aos sanguinívoros, onívoros e nectarívoros estiveram reprodutivamente ativos durante as duas estações já que seus recursos alimentícios estiveram disponíveis durante o ano todo. Já no capítulo 3, fiz uma revisão taxonômica em coleções e uma revisão bibliográfica para determinar a diversidade gamma de morcegos no RN resultando na primeira lista oficial de morcegos do estado, incluindo novos registros e discussões sobre áreas de conservação e áreas de pesquisa prioritária. Como resultado geral desta tese, consegui registar 32 espécies de 3595 indivíduos capturados e mais de 3200 morcegos observados durante 161 dias de amostragem. O analises dos dados indicam que, em geral, as assembleias de morcegos são adaptadas para permanecerem o ano todo nas mesmas áreas, mas são fortemente afetadas pela estrutura espacial da vegetação de suas áreas preferidas de forrageio, a disponibilidade sazonal de alimento e as características dos seus abrigos subterrâneos. Além disso, reforça a importância de cavernas durante a época chuvosa para a reprodução de várias espécies de morcegos na Caatinga potiguar, incluindo para espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Os resultados desta tese, junto com a colaboração fundamental de muitas pessoas valiosas, é um esforço para descrever e ter uma visão mais profunda da história natural e a ecologia da diversa fauna de morcegos da Caatinga brasileira.