Entre o rio e o mar, Rocas: de bairro sinônimo de inferno a bairro da tradição e da cultura popular (1900-1950)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Bentes Filho, Giovanni Roberto Protásio
Orientador(a): Arrais, Raimundo Pereira Alencar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57628
Resumo: A presente tese propõe analisar, de uma maneira geral, o processo de desenvolvimento urbano da cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, durante a primeira metade do século XX, privilegiando nas análises uma parte significativa desse conjunto urbano, o bairro das Rocas, a fim de evidenciar as fraturas e os desequilíbrios presentes nesse processo. A partir da leitura e crítica das fontes (jornais, relatórios governamentais, leis, decretos, fotografias, literatura, relatos memorialísticos) assim como pela produção historiográfica sobre o tema da história urbana de Natal, notou-se como, durante o período no qual propostas e projetos modernizadores foram pensados e implementados para a cidade, determinados locais – Ribeira, Cidade Alta e Cidade Nova – foram favorecidos, enquanto outros, situados na zona periférica, como o bairro das Rocas, foram tratados de maneira secundária no tocante à distribuição de recursos e intervenções materiais. Os projetos urbanísticos, bem como a legislação regulamentadora dos espaços, possuíam um caráter segregador e excludente, pois estavam relacionados aos desejos das classes dirigentes de garantir o aformoseamento e a modernização da cidade, ou melhor, de partes dela, daqueles pedaços que serviam como seus espaços de interação e de sociabilidades valorizadas, que se localizavam na zona central. Rocas não fazia parte, pelo menos até meados da década de 1920, dos interesses (políticos e econômicos) dos grupos dominantes. Pelo contrário, Rocas era o espaço da pobreza, da miséria, da doença e do perigo; era o lugar de moradia dos pobres da cidade e da classe trabalhadora, lugar de pescadores, de operários do porto e do complexo ferroviário, de pequenos comerciantes, dos grupos socialmente excluídos, ou melhor, dos incluídos de maneira perversa na sociedade, até ser associado, por volta da década de 1940, ao lugar da tradição e da cultura popular. Em vista disso, a tese defendida no presente trabalho é a de que a forma como os grupos dirigentes trataram o bairro das Rocas durante o processo de modernização da cidade, seja do ponto de vista administrativo ou discursivo, contribuiu para a produção e reprodução de uma dinâmica que resultou em processos de segregação socioespacial, isto é, fazendo com que esse lugar, localizado fisicamente à margem do rio e do mar, figurasse também à margem dos projetos modernizadores e, num certo sentido, também à margem da história.