Temporalidades urbanas na Ribeira, Natal/RN: entre derivas, passagens e montagens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pereira, Arthur Leonardo de Lima
Orientador(a): Coradini, Lisabete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/52086
Resumo: Fruto de um intenso trabalho etnográfico realizado entre os anos 2020 e 2021, esta pesquisa é conduzida a partir de meu posicionamento enquanto antropólogo-fotógrafo, no âmbito do Núcleo de Antropologia Visual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (NAVIS/UFRN), em pesquisas sobre imagens, itinerários e memórias do Centro Histórico de Natal, tendo o bairro da Ribeira enquanto nosso recorte espaço-temporal. Posicionamo-nos a partir da Antropologia Visual e Urbana ao abrir espaço no testemunho para a inscrição de histórias outras, no debate sobre as disputas de memória na intenção de remontar e reabrir as histórias desse bairro a partir de um momento muito particular, a Conferência de Manoel Dantas Natal D’aqui a cincoenta annos (1909) e o desejo da elite natalense de incluir Natal nos caminhos do progresso e da modernidade capitalista. Tal projeto é evocado por meio das imagens, que para além de registros em arquivos, constituem-se enquanto um modo de refletir a realidade material para a cidade. Perguntamo-nos sobre quais movimentos são distintivos no sentido de tecer uma reflexão acerca da incorporação de um projeto de modernidade em Natal, enquanto integrante não de uma história eurocentrada, dos vencedores, mas pensada desde a memória dos vencidos, da América Latina. A fim de ver as consequências desses processos manifestas na cidade-imagem, realizamos caminhadas etnográficas pela urbe, da qual somos afetados por um senso de estranhamento, ao notarmos em sua arquitetura os vestígios desse projeto moderno nas ruínas que fazem as passagens das memórias do passado ao presente. É preciso, pois, exercitar um olhar-escuta sensível que nos diga sobre que a cidade nos comunica ao recontar suas histórias e quais as consequências de suas transformações para seu futuro e de sua gente. É sobre caminhar à deriva pelos ladrilhos das vielas, trilhos de outrora que revelam caminhos acessíveis espacialmente, mas que são temporalmente inalcançáveis. A fim de realizar essa pesquisa, utilizamos procedimentos metodológicos tais como caminhadas e derivas pela cidade, registros visuais, pesquisas em acervos e montagens fotográficas. As análises teóricas seguiram os princípios e ferramentas da antropologia urbana e audiovisual, valendo-se dos conceitos de montagem, fotobiografia e imagem-memória, ruínas e dialética da história. As imagens habitam um presente-passado que nos alcança em nosso tempo e conduz seu projeto a nosso presente-futuro. Essa perspectiva evoca um processo de arruinamento, onde as ruínas são esse encontro manifesto, a materialização de contradições estruturantes das cidade fundada pelos projetos da modernidade capitalista ocidental.