O centro de Fortaleza como lugar de moradia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santana, Camila Maria Nogueira de
Orientador(a): Nascimento, José Clewton do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21172
Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar como os modos de morar influenciam os usos e as apropriações funcionais e simbólicas do espaço urbano do Centro de Fortaleza, a partir da perspectiva dos habitantes e de suas relações com o lugar de moradia. O centro da cidade de Fortaleza é marcado por cenários de desenvolvimento e de degradação do seu espaço urbano. A intensificação da ocupação comercial e de serviços promoveu ao longo dos anos, paradoxalmente, a valorização do preço da terra e a desvalorização do uso residencial. Assim, as ocupações residenciais se consolidaram de modo descontínuo, concentrando-se principalmente nos limites externos ao núcleo histórico do bairro. A pesquisa se estrutura a partir da delimitação de uma área do bairro e da seleção de edificações residenciais multifamiliares, construídas a partir da década de 1950, próximas ao núcleo central. A análise das configurações espaciais das edificações residenciais selecionadas, de suas relações com o entorno urbano e dos usos do solo, revela diferentes aspectos relacionados à vitalidade urbana, produzindo impactos sobre os modos de morar constituídos a partir do cotidiano dos habitantes. O estudo dos modos de morar envolve a compreensão de que o habitar está para além dos limites residenciais privados e da ocupação funcional. A base conceitual desta pesquisa é desenvolvida a partir da perspectiva de que o habitar representa um aspecto fundamental da condição humana, permitindo ao homem se relacionar com o espaço de modo essencial (HIEDEGGER, 2012). Nesta perspectiva do habitar, o espaço reúne o mental e o cultural, o social e o histórico, sendo marcado por lógicas simultâneas do concebido, do percebido e do vivido (LEFEBVRE, 2006). O desenvolvimento deste estudo, a partir do ponto de vista dos moradores do bairro, se insere na perspectiva do espaço vivido, que se relaciona ao conceito de lugar, entendido como um fenômeno qualitativo, que confere essência e identidade ao espaço. O lugar de moradia, marcado por coexistências, é um dos elementos estruturadores dos usos do solo urbano, e potencial para a reabilitação de áreas centrais de grandes metrópoles. Deste modo, o estudo parte da hipótese de que o processo de reabilitação urbana do Centro está vinculado à requalificação do habitar, que possibilita ao habitante sensibilizar os limites do abrigo e vivenciar o espaço urbano. A requalificação do habitar se contrapõe ao espaço residencial fundamentado na funcionalidade, na hierarquia, na autossuficiência, na padronização e na reprodução do solo urbano, materializado nos adensados empreendimentos residenciais contemporâneos, que se colocam de modo alheio à cidade. As etapas da pesquisa envolveram análises sobre a configuração espacial dos edifícios residenciais selecionados e de seus entornos, o mapeamento dos usos do solo e a aplicação de entrevistas com moradores. Os dados coletados permitiram verificar que os edifícios estão localizados em áreas marcadas pela heterogeneidade de usos, com elevado número de habitantes e de usuários. No entanto, estes aspectos não são suficientes para promover a vitalidade dos espaços públicos do bairro, uma vez que o movimento de pessoas nas ruas é regulado pelos horários de funcionamento do comércio, uso predominante na área. Os discursos dos moradores, coletados em entrevistas, indicam que as condições de conservação dos espaços públicos e a questão da insegurança influenciam suas relações cotidianas com o lugar de moradia, afetando aspectos fundamentais para requalificação do habitar na área central de Fortaleza.