O espaço físico de uma instituição de Educação Infantil: como as crianças significam esse lugar?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Souza, Aline Constância de Figueiredo e
Orientador(a): Momo, Mariangela
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28902
Resumo: Esta pesquisa de mestrado objetivou investigar e analisar como as crianças percebem os espaços físicos de uma instituição de Educação Infantil e os significados que dão para esse lugar. Assume-se que o espaço físico nas instituições de Educação Infantil exerce papel fundamental no processo educativo, na qualidade das experiências e interações oportunizadas às crianças. Os conceitos de espaço e lugar foram centrais no processo desta pesquisa. Partimos, do entendimento do termo espaço como as características da estrutura física em si, aquilo que pode ser tocado, sentido, visto, vivido, medido e explorado. Já o termo lugar, é entendido como um salto qualitativo, constituído a partir dos sentidos e significados dados pelos sujeitos aos espaços através das relações vividas com/no espaço. Dessa forma, consideramos que os significados que as crianças dão para os espaços da instituição infantil que frequentam diariamente transforma esses espaços em lugares e podem colaborar para qualificar esses espaços. Trata-se de uma pesquisa com uma abordagem de investigação qualitativa, de inspiração etnográfica. Utilizamos também, aportes teóricos-metodológicos que orientam no aprofundamento de conhecimentos sobre a realização de pesquisas com a participação direta das crianças como colaboradoras ativas na construção dos dados. Na busca pelos significados das crianças, nos aproximamos da teoria da subjetividade desenvolvida por González Rey que tem uma perspectiva cultural-histórica e propõe a metodologia construtivointerpretativa a qual entendemos como aporte que auxilia a conseguir uma melhor compreensão do ponto de vista das crianças. Definimos como campo empírico o Centro Municipal de Educação Infantil Castro Alves, em Salvador/BA e como sujeitos da pesquisa, num primeiro momento, todas as crianças da instituição e num segundo momento, trinta e duas crianças entre quatro e seis anos de idade. Para a construção dos dados, foram usados os seguintes procedimentos: observação, registros fotográficos, registros escritos em diário de campo, entrevista semiestruturada com a realização de desenhos por parte das 32 crianças sujeitos da pesquisa e análise documental de documentos oficiais brasileiros e do Projeto Político Pedagógico do CMEI. Os dados foram organizados em duas grandes categorias considerando o conjunto de significados atribuídos pelas crianças: espaços preferidos e espaços preteridos. Os achados da pesquisa evidenciaram que para as crianças os espaços preferidos do CMEI eram significados como lugares de estar junto, de brincar, de explorar, apreciar e aprender. Além disso os espaços inestéticos e desagradáveis aos sentidos e os espaços e equipamentos inadequados ao uso e que dificultam a brincadeira foram os lugares apontados como preteridos pelas crianças a partir destes significados impressos por elas. Os gestos, os desenhos e a fala das crianças indicam aspectos que, muitas vezes, passam despercebidos pelos adultos, destacando a importância de ouvirmos, vermos, percebermos e sentirmos as crianças no cotidiano educativo e, sobretudo, nas pesquisas que tratam de questões relativas ao dia a dia das instituições de Educação Infantil. Concluímos que os espaços do CMEI possuem muitas inadequações, e não atendem, de forma geral, ao que os documentos oficiais brasileiros destacam sobre essa questão. Porém, reconhecemos que as crianças do CMEI são felizes nesse lugar e que há uma busca em respeitarem suas particularidades. Convivem entre crianças, professoras e demais adultos de forma significativa e dinâmica. Brincam, aprendem, crescem e se desenvolvem de forma prazerosa. Temos a expectativa que a participação, tão comprometida e valorosa, das crianças do CMEI nesta pesquisa, possa de fato, abrir caminhos para que, nas instituições de Educação Infantil, sejam levadas em conta as perspectivas das crianças, na constituição dos espaços educativos.