Evidências eletroencefalográficas e comportamentais da influência do ciclo menstrual sobre a prática da imagética motora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Rafaela Faustino Lacerda de
Orientador(a): Sousa, Maria Bernardete Cordeiro de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/47050
Resumo: Introdução: Evidências sugerem o efeito dos hormônios sexuais femininos (ESF) sobre circuitos neurais envolvidos no controle motor, desempenho em testes de destreza manual e de coordenação motora e doenças neurológicas com comprometimento motor. Faltam estudos que investiguem seus efeitos sobre o processamento cognitivo motor. O ritmo sensório-motor também conhecido como ritmo mu (com seus componentes alfa: 12-13Hz; e, beta: 15-30Hz) observado na eletroencefalografia (EEG) é considerado uma janela de oportunidade para investigar a modulação de áreas corticais envolvidas no planejamento motor. O ritmo mu pode ser induzido sobre o córtex sensório-motor por atividades como imagética motora cinestésica (IM) e observação da ação (OA), entre outras. Uma outra ferramenta utilizada para investigar o processamento cognitivo motor é o teste de julgamento da lateralidade manual (Hand Laterality Judgement Task - HLJT). Este é capaz de modular os componentes P100 e negatividade relacionada ao evento (NNR) do Potencial Evocado Relacionado ao Evento (ERP) na EEG e possui medidas comportamentais que permitem fazer inferências sobre processos cognitivos relacionados à manipulação espacial de partes do corpo (nesse caso específico, das mãos). Esse processo é conhecido como imagética motora implícita. Objetivo: Neste estudo, nós investigamos se a atividade cortical e medidas comportamentais relacionadas às tarefas citadas são moduladas em função das fases menstrual (baixos níveis hormonais), folicular (altos níveis de estrógeno) e lútea (altos níveis de progesterona) do ciclo menstrual de 31 mulheres destras. Métodos: Essas investigações deram origem a dois artigos. No artigo 1, foi investigado a amplitude de P100 e de RNN da região parieto-occipital, assim como o desempenho no teste aferido pela acurácia e tempo de resposta, durante a prática do HLJT nas três fases do ciclo. Foi realizada a análise de equações de estimativas generalizadas (generalized estimating equation - GEE) para comparar as fases do ciclo em relação a amplitude de P100 e de RNN, a acurácia e o tempo de reação no teste, considerando as possíveis interações entre as fases do ciclo menstrual e as características do estímulo. No segundo artigo, a atividade espectral do ritmo mu na região sensoriomotora (C3 e C4) e das bandas alfa e beta nas demais regiões corticais foram registradas nas três fases do ciclo durante a prática da MI e AO do membro superior direito. Foram realizadas comparações entre as fases do ciclo menstrual para as variáveis citadas utilizando um teste de Friedman. Foram considerados significativo os resultados com p < 0,05. Resultados e conclusões: A análise comportamental (acurácia e tempo de reação) do artigo 1 indicou melhor desempenho no HLJT durante as fases folicular e lútea quando comparadas à fase menstrual. Esse resultado contraria estudos que demonstram redução na habilidade de manipulação espacial de objetos associado aos ESF e sugere que o efeito dos mesmos sobre componentes cognitivos motores, possivelmente ausentes nos testes de manipulação espacial, é capaz de favorecer o desempenho no TRLM. No artigo 2, foi possível observar a dessincronização relacionada ao evento (event-related desynchronization - ERD) de beta-mu sobre a região sensoriomotora esquerda (área de representação da mão direita) e ERD de beta sobre as regiões frontal bilateral durante a prática do IM foi significativamente maior na fase folicular quando comparada com as fases menstrual e lútea, sugerindo o efeito dos estrógenos sobre áreas de controle do processamento cognitivo motor. Nenhuma diferença entre as fases do ciclo menstrual foi observada sobre o ritmo alfa-mu durante a prática de OA, nem sobre a componente alfa durante a IM. No entanto, foi observado correlação positiva entre a amplitude de alfa e beta em várias regiões cerebrais durante a prática da OA e os níveis de estradiol na fase folicular. Esses achados devem ser considerados ao utilizar as práticas de IM e OA durante o treino de atletas e reabilitação neurofuncional de mulheres. Assim como devem servir como base para estudos futuros que investiguem o efeito dos ESF sobre processamento e aprendizagem motora.