Interações tróficas irão expandir sua distribuição e diminuir sua intensidade diante das mudanças climáticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Inagaki, Kelly Yumi
Orientador(a): Longo, Guilherme Ortigara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30091
Resumo: Ambientes tropicais abrigam maior biodiversidade, intensidade e diversidade de interações ecológicas quando comparados a ambientes extratropicais. Este padrão latitudinal é resultado de longos processos evolutivos, mas a rápida tropicalização de ambientes extratropicais, já descrita em diferentes regiões do mundo, pode alterar esses padrões. Embora a tropicalização tenha sido alvo de estudos, os efeitos das mudanças globais sobre os padrões de larga escala nas interações ecológicas ainda foram pouco explorados. Peixes recifais são um bom modelo para investigar essas mudanças por serem consumidores importantes nos recifes e terem seus padrões de diversidade e interações bem compreendidos. Uma vez que mudanças na temperatura podem afetar a fisiologia dos organismos, nós hipotetizamos que (i) o aquecimento de áreas extratropicais previsto para o futuro pode intensificar as interações tróficas e permitir que espécies tropicais expandam sua área de ocorrência e consequentemente suas interações; (ii) o aumento de temperatura pode ultrapassar os limites de tolerância térmica dos organismos, inibindo suas interações tróficas. Neste trabalho avaliamos como as interações tróficas de peixes recifais herbívoros, invertívoros e onívoros irão responder ao aumento de temperatura. Nós utilizamos dados de ocorrência, biomassa e interações tróficas de peixes recifais ao longo de 61° graus de latitude no Atlântico Ocidental, associados a modelos Bayesianos para projetar probabilidades de interações em 2050 e 2100 com base nos cenários do ”Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas” (IPCC). Observamos que as interações tróficas irão declinar entre 50-100% nos trópicos, potencialmente porque o aumento de temperatura nessas áreas vai exceder o limite térmico dos peixes. No hemisfério norte, entre 20ºN e 40ºN, a probabilidade de interações aumentará em até 100%, potencialmente devido ao deslocamento dos herbívoros e das correntes marinhas do Caribe em direção ao norte. Este fenômeno não é observado no hemisfério sul, o que pode estar associado às diferenças nas condições oceanográficas. A probabilidade de interação de invertívoros irá diminuir entre 5-100% ao longo do Atlântico Ocidental, indicando que esse grupo pode ser mais sensível aos aumentos de temperatura. A probabilidade de interações dos onívoros irá declinar 100% e 30% nos extratrópicos norte e sul, respectivamente, mas aumentarão entre 5-20% nos trópicos, o que pode estar associado à sua plasticidade alimentar. No futuro, peixes poderiam se adaptar e aclimatar às mudanças das condições ambientais, se houver tempo suficiente para este processo. Prever como as mudanças climáticas irão afetar as interações tróficas contribui para entender o futuro dos ecossistemas e de seus serviços.