Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Pinto, Raquel Pipolo |
Orientador(a): |
Andrade, Erika dos Reis Gusmão |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31704
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Resumo: |
A presente pesquisa inscreve-se nos campos de estudos de gênero e de currículo, numa perspectiva pós-crítica, a qual se aproxima das teorizações pós-estruturalistas, sobretudo, das de Michel Foucault e dos Estudos Culturais em Educação. A partir desse referencial, tomei como objeto desta investigação o currículo de páginas disponibilizados no Facebook que normatizam um determinado tipo de corpo à mulher como sinônimo de saúde. Trata-se das páginas Corpo & Saúde, Corpo em Foco e Corpo Esbelto, acompanhadas diariamente com coleta de textos e imagens no período de setembro de 2018 a março de 2019. Como objetivo geral busquei analisar no currículo das páginas investigadas os discursos disponibilizados, os processos de subjetivação e a normatização do corpo da mulher. Como suporte teóricometodológico, utilizei a etnografia virtual (HINE, 2004) articulada com a análise de discurso de inspiração foucaultiana. Os conceitos utilizados como ferramentas analíticas são: discurso, modos de subjetivação, poder, norma, regimes de verdade, governo, cuidado de si, posições de sujeito, tecnologia, currículo pós-crítico, mídia, corpo, gênero, normatização, normalização, diferença e pedagogia cultural. Durante a pesquisa ocupei-me com a seguinte questão: como os discursos que dizem sobre o corpo da mulher, disponibilizados no currículo das páginas investigadas, colocam em funcionamento processos de subjetivação e normas que demandam determinados tipos de corpos considerados como belos e saudáveis? Para melhor responder a tal questionamento, busquei analisar, de modo mais específico, a produção de verdades sobre o corpo, a beleza, os exercícios, a alimentação e a saúde; as posições de sujeito demandadas às mulheres no currículo em análise; como também, os mecanismos de poder, as estratégias e táticas acionadas que buscam a normatização do corpo da mulher. Como principais resultados da pesquisa, foi possível empreender que os conteúdos analisados buscam normalizar um tipo específico de corpo - o magro - por meio de uma tecnologia nomeada por mim como tecnologia do corpo padronizado, a qual é operacionalizada por táticas e estratégias engendradas no currículo do corpo em forma nas páginas do Facebook. O conjunto de táticas e estratégias colocam em funcionamento uma disciplinarização do corpo enformado que diz respeito a um modelo de corpo que apresenta um padrão considerado desejável para glúteos, braços, abdômen, seios e coxas endereçados às mulheres e que deve ser alcançado por meio de uma disciplina rígida de exercícios físicos e alimentação, ao passo que aos homens os conteúdos educam que eles podem apresentar um corpo disforme. Também foi possível evidenciar que o currículo analisado disponibiliza posições de sujeito às mulheres identificadas como mulher mãe sarada e mulher mãe cuidadora que buscam regular mulheres, sobretudo, as pósgrávidas ou que possuem filhos e marido, para atingir um corpo ideal. A regulação de gênero também pode ser expressa por meio de lições que ensinam sobre o lar como um local que traz felicidade e por isso tarefas como cuidar do marido e dos filhos e ainda cuidar de si seriam mais adequadas às mulheres. Isto posto, é possível afirmar que o currículo investigado atua como um artefato midiático que corporifica e regula gêneros, pois as lições educativas destinadas às mulheres estão postas diferentemente das dirigidas aos homens. |