Cristianização espacial e estratégias matrimoniais de escravos na capitania do Rio Grande do Norte: território, escravidão e mestiçagens na Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação (1727- 1760)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Neves, Danielle Bruna Alves
Orientador(a): Macedo, Helder Alexandre Medeiros de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30718
Resumo: Analisa a influência da territorialização da Igreja Católica e da cristianização dos espaços no litoral leste da Capitania do Rio Grande na evangelização e moralização de escravos por meio do sacramento matrimonial, entre 1727 a 1760, com base nos registros de casamento da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, da Cidade do Natal, tratados metodologicamente a partir dos aportes da História Serial, da História Quantitativa e do Método Onomástico. A Freguesia era um espaço jurisdicional do poder eclesiástico nesta localidade, cuja igreja matriz estava situada na Cidade do Natal e suas 9 capelas e 3 aldeamentos indígenas que se estendiam pelas ribeiras dos rios Jundiaí, Ceará-mirim, Mipibú, Potengi e Cajupiranga, nas localidades que, atualmente, são municípios da região metropolitana de Natal (Macaíba, Extremoz, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, São José de Mipibú e Nísia Floresta). O processo de apropriação espacial se deu por meio de construção de prédios sagrados, que mantinham um controle sobre o território e seus moradores por meio da articulação matriz-aldeamentos-capelas anexas. O marco inicial do recorte temporal, 1727, foi selecionado por não ter sido encontrado registros de matrimônio anteriores a esta data e o mais próximo ao período denominado “Guerra dos Bárbaros” (1683-1720), que ocasionou a captura e escravidão e indígenas dos sertões, além do seu extermínio parcial. Uma parcela dos nativos, provavelmente, foi enviada para o litoral da Capitania do Rio Grande para suprir a necessidade de mão de obra escrava. O recorte cronológico escolhido termina no ano de 1760, quando a paróquia sofreu alterações no seu espaço geográfico e a área de assistência da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação foi modificada, com a diminuição de sua abrangência territorial. Este período foi marcado pela estabilização das estruturas eclesiásticas da freguesia, após a dominação holandesa (1633-1654) e a Guerra dos Bárbaros. O trabalho analisou o perfil dos matrimônios de cativos neste território e observou as estratégias dos cativos, principalmente no tocante à escolha dos parceiros com os quais optavam por se unir. Percebeu que os registros apresentavam um número expressivo de casamentos de cativos de origens diferentes, a endogamia de escravos africanos do mesmo grupo de procedência e enlaces que resultaram em uma mudança de status social. Observou que este espaço foi caracterizado por uniões entre indivíduos de diferentes qualidades e condições jurídicas, o que possibilitou as mesclas biológicas e culturais encontradas nos documentos da Igreja.