Força muscular respiratória, valores de referência, características psicométricas e aplicabilidade clínica em crianças saudáveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Ana Aline Marcelino da
Orientador(a): Fregonezi, Vanessa Regiane Resqueti
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46652
Resumo: Introdução e Objetivos: A avaliação da mecânica, estrutura e função muscular respiratória é essencial tanto na pesquisa quanto na prática clínica. Estas medidas são úteis principalmente em pacientes com sintomas respiratórios e doenças neuromusculares, contribuindo com o diagnóstico, eficácia do tratamento e seguimento dos pacientes. É fundamental conhecer os valores de normalidade em populações saudáveis para que possamos observar em determinadas condições patológicas a presença da redução da força dos músculos respiratórios e quantificá-la de forma objetiva, principalmente na população de crianças em que as variações metodológicas podem influenciar a aquisição dessas medidas. Diante disso, essa Tese teve como objetivo principal avaliar a força dos músculos respiratórios em crianças saudáveis através da pressões respiratórias máximas, inspiratória e expiratória (PImáx e Pemáx, respectivamente) e da pressão inspiratória nasal ao fungar (SNIP), observando diferenças metodológicas e as propriedades psicométricas destas medidas. Para isso, três objetivos foram traçados: 1) Analisar a confiabilidade da manobra SNIP em uma única avaliação e determinar o número de manobras necessárias para alcançar o pico máximo da SNIP em crianças saudáveis de 6 a 11 anos de idade; 2) Estabelecer novos valores de referência das pressões respiratórias máximas em crianças saudáveis de mesma faixa etária; 3) Comparar metodologicamente os valores de referência das pressões respiratórias máximas em crianças saudáveis entre dois estudos brasileiros. Materiais e Métodos: 1) Este estudo transversal incluiu 121 crianças saudáveis com função pulmonar normal, que realizaram de 12 a 20 manobras SNIP, com 30 segundos de descanso entre cada manobra. A confiabilidade foi testada usando o coeficiente de correlação intraclasse (CCI), erro padrão de mensuração (EPM), mínima diferença detectável (MDD) e análise de Bland-Altman para concordância. 2) Foram realizadas no mínimo 3 testes de cada pressão respiratória máxima (PImáx e PEmáx), em 121 crianças saudáveis, com um tempo mínimo de duração da manobra de 1,5 segundos com platô de 1 segundo e descanso de 1 minuto entre os testes. Foi aplicada uma análise de regressão linear múltipla stepwise para PImáx e PEmáx levando em consideração as correlações observadas com as variáveis independentes: idade, peso e sexo. 3) Realizamos comparações de dois estudos desenvolvidos com crianças brasileiras de 6 a 11 anos. Lanza et al. (2015) desenvolveu um estudo multicêntrico e Marcelino et al. (2021) em um único centro. Ambos seguiram as recomendações da American Thoracic Society/European Respiratory Society (ATS/ERS) e Marcelino et al. também seguiu parcialmente as recomendações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Os dados foram analisados por meio de comparações de dados absolutos e equações de referência entre os estudos, bem como comparações dentro de cada estudo individualmente. Resultados: 1) O CCI e o intervalo de confiança (IC) correspondente entre a medida mais alta e a primeira manobra reprodutível foram 0,752 (0,656 – 0,824), EPM = 10,37 cmH2O e MDD = 28,74 cmH2O. Para crianças de 6 a 7 anos, o CCI foi de 0,669 (0,427 – 0,822), EPM = 10,76 cmH2O e MDD = 29,82 cmH2O; para crianças de 8 a 11 anos, o CCI foi de 0,774 (0,662 – 0,852), EPM = 9,74 cmH2O e MDD = 26,05 cmH2O. Para as meninas, o CCI foi de 0,817 (0,706 – 0,889), EPM = 9,40 cmH2O e MDD = 26,05 cmH2O; para meninos, o CCI foi de 0,671 (0,487 – 0,798), EPM = 11,51 cmH2O e MDD = 31,90 cmH2O. Aproximadamente 80% do total da amostra atingiu o SNIP mais alto antes da 10ª manobra. 2) Meninos alcançaram valores superiores de pressões respiratórias máximas em relação às meninas. As comparações das pressões entre as idades evidenciou aumento das pressões de acordo com as faixas etárias estudadas (6-7, 8-9 e 9-11 anos) com tamanho de efeito moderado para ambas. As variáveis independentes altura, peso, idade e sexo foram positivamente correlacionadas com PImáx, mas apenas idade e sexo persistiram na equação (PImáx = 24,630 + 7,044 * idade (anos) + 13,161 * sexo (0 para meninas e 1 para meninos)). PEmáx se correlacionou positivamente com altura, peso e idade, compondo a equação as variáveis idade nas meninas e peso nos meninos [PEmáx (meninas) = 55,623 + 4,698 * idade (anos) e PEmáx (meninos) = 82,617 + 0,612 * peso (kg)]. 3) Foram avaliadas 428 crianças de 6 a 11 anos (121 por Marcelino et al. e 307 por Lanza et al.). Os dados de ambos os estudos foram solicitados aos autores e posteriormente comparados. Após as análises, Marcelino et al. obtiveram maiores valores de referência para PImáx [88 cmH2O (68,5 - 109) vs 80 cmH2O (64-98)] e PEmáx [96 cmH2O (82 - 117) vs 80 cmH2O (68-92)], bem como estratificado por sexo (p <0,01) e grupos de idade (p <0,001). Lanza et al. apresentaram menores intervalos de confiança 95% em ambos os valores de pressões estratificados por sexo quando comparados a Marcelino et al. Ambos os estudos apresentaram tamanhos de efeito moderados a amplos nas amostras divididas por sexo e grupos de idade. Conclusões: 1) A SNIP demonstrou confiabilidade moderada entre as manobras em crianças de 6 a 11 anos; crianças mais velhas e meninas alcançaram o pico da SNIP mais rápido. Portanto, os resultados indicaram que 12 manobras foram suficientes para crianças saudáveis atingirem o pico máximo da SNIP. 2) Este estudo determinou novas equações de referência para pressões respiratórias máximas em crianças saudáveis de 6-11 anos, incluindo variáveis como idade, sexo e peso, utilizando a metodologia específica recomendada pela ATS/ERS e SBPT. 3) Apesar das diferenças metodológicas e da utilização de diferentes manômetros de pressão, ambos foram realizados com metodologias que permitem a aplicação de valores de referência e equações de acordo com os recursos disponíveis, a experiência no manuseio dos equipamentos e o treinamento dos avaliadores na realização das manobras. Conclusão final: De acordo com os resultados dos estudos, determinamos um número confiável de manobras SNIP a serem realizadas (12 manobras), assim como novos valores de referência das pressões respiratórias máximas, considerando a importância de definirmos estes valores de normalidade utilizando metodologias recomendadas e equipamentos que forneçam medidas apropriadas, minimizando ao máximo divergências que ocorrem pela ausência de padronização nos estudos.