Interações entre cactos e vertebrados na Caatinga, floresta tropical seca do nordeste brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Paixão, Virgínia Helen Figueiredo
Orientador(a): Venticinque, Eduardo Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/29512
Resumo: Interações mutualísticas entre plantas e animais dispersores de sementes são cruciais para a manutenção da biodiversidade. O papel de aves, morcegos e lagartos enquanto dispersores de sementes de cactos já foram elucidados, mas ainda se sabe pouco sobre como essas interações estão distribuídas dentro de uma rede de interação. O objetivo dessa dissertação foi descrever a estrutura (aninhamento e modularidade) da rede dispersão de sementes de cactos por vertebrados na Caatinga do Rio Grande do Norte, Brasil. Para isso, nós monitoramos ao longo de onze meses a frugivoria de seis espécies de cactos (globular Melocactus zehntneri, prickly-pear Tacinga inamoena, colunares Pilosocereus gounellei, P. chrysostele, P. pachycladus e Cereus jamacaru) com armadilhas fotográficas, contemplando tanto o período diurno quanto noturno. Também buscamos identificar o quanto as espécies de cactos diferem em relação à comunidade de frugívoros que se alimentam de seus frutos utilizando o índice de dissimilaridade de Bray-Curtis. Nós encontramos 23 espécies de animais vertebrados interagindo com quatro espécies de cactos, exceto em T. inamoena e P. chrysostele. A rede de interação não apresentou padrão aninhado nem modular, indicando que as interações entre cactos e vertebrados são relativamente simétricas dentro da rede. Os resultados sugerem que os cactos possuem uma estratégia generalista, atraindo diversos animais que podem contribuir diferentemente na dispersão de sementes, incluindo aves, répteis e mamíferos, todos esses aqui identificados atuando como dispersor primário. Apesar dessa generalização, nós observamos que os cactos colunares mais altos, P. pachycladus e C. jamacaru, compartilharam uma comunidade semelhante de frugívoros, principalmente aves. Já o cacto colunar P. gounellei foi mais semelhante ao globular M. zehntneri, e ambos tiveram frutos consumidos principalmente por lagartos (Tropidurus hispidus) e mamíferos, provavelmente por disponibilizarem frutos mais próximos do chão. Identificamos novas relações de frugivoria entre P. gounellei e o lagarto Salvator merianae e de florivoria entre T. inamoena e o lagarto T. hispidus, durante os onze meses de monitoramento de cactos com armadilhas fotográficas. S. merianae consumiu frutos de P. gounellei em dois dias diferentes, enquanto T. hispidus foi registrado consumindo quatro flores de T. inamoena em quatro dias diferentes em três meses. Os cactos ofereceram frutos continuamente ao longo do ano mantendo diferentes grupos de animais que potencialmente desempenham um papel complementar na dispersão de sementes de cactos e, portanto, essas interações mutualísticas devem ser consideradas na conservação e restauração de ambientes semiáridos como a Caatinga.