Padrões de ordenação de constituintes das construções V2/V3 superficiais em cartas pessoais brasileiras dos séculos 19 e 20

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Moura, Rafael Aguiar
Orientador(a): Martins, Marco Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20151
Resumo: Em consonância com o modelo de competição de gramáticas (KROCH, 1989; 2001), segundo o qual a mudança nos domínios sintáticos constitui um processo que se desenvolve via competição entre diferentes gramáticas, descrevemos e analisamos as construções V2/V3 superficiais em orações matrizes/raízes de cartas pessoais brasileiras dos séculos 19 e 20. O corpus, composto por 154 por cartas pessoais do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte, está dividido em três metades de século: (i) segunda metade do século 19; (ii) primeira metade do século 20; e (iii) segunda metade do século 20. O nosso foco foi a observação da natureza dos constituintes pré-verbais em construções V2 (verbo em segunda posição na sentença) e V3 (verbo em terceira posição na sentença) superficiais, com uma atenção especial sobre o posicionamento do sujeito. Embasados nos diversos estudos diacrônicos acerca dos padrões de ordenação do Português (Ambar (1992); Ribeiro (1995, 2001); Paixão de Sousa (2004); Paiva (2011); Coelho e Martins (2009, 2012)), nosso estudo procurou constatar quais são os padrões empíricos da ordenação que envolvem as construções V2/V3 superficiais e como esses padrões se estruturam sintaticamente dentro de uma perspectiva teórica formal (CHOMSKY, 1981; 1986), mais especificamente, em conformidade com os estudos de Antonelli (2011) e de Costa e Galves (2002). Os resultados da pesquisa mostram que os dados da segunda metade do século 19 – diferentemente dos dados da primeira e da segunda metade do século 20 – apresentam um maior equilíbrio em relação à natureza sintática do constituinte pré-verbal (contíguo ou não), de forma que, nesse período, a ocorrência de ordens com o sujeito em posição pré-verbal chega a, no máximo, 52% (231/444 dados); enquanto que, nos 48% (213/444 dados) restantes, os constituintes pré-verbais são representados por um constituinte não sujeito, quase sempre um adjunto adverbial. Diante dos resultados, advogamos que as cartas pessoais brasileiras do século 19 apresentam padrões de ordenação associados a um sistema V2 e a um sistema SV, configurando, portanto, um possível processo de competição entre diferentes gramáticas que instanciam ou um sistema V2 ou um sistema SV. Ou seja, as cartas brasileiras do século 19 instanciam uma competição entre a gramática do Português Clássico (um sistema V2) e as gramáticas do Português Brasileiro e do Português Europeu (um sistema SV). Logo, esse período está sujeito à realização de duas marcações paramétricas distintas: (i) verbo movido até o núcleo Fin (gramática do Português Clássico) e (ii) verbo movido até o núcleo T (gramática do Português Brasileiro/Português Europeu). Por outro lado, nas cartas pessoais do século 20 (primeira e segunda metades), há um notório aumento dos padrões de ordenação associados ao sistema SV, que se mostra mais estável.