Escolarização de surdos no ensino médio em Natal/RN: vendo e ouvindo vozes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Santos Filho, Pedro Luiz dos
Orientador(a): Magalhães, Rita de Cássia Barbosa Paiva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20610
Resumo: O Ensino Médio é a etapa final da Educação Básica e tem como finalidade o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos anteriormente com vistas à continuidade dos estudos por parte dos educandos, bem como sua formação profissional. Considerando o caráter excludente e elitista do Ensino Médio brasileiro, apenas recentemente as matrículas de surdos vêm se ampliando, e os professores se deparam com o desafio de lidar com tais estudantes em salas de aula regulares. Tanto a política de educação especial, numa perspectiva inclusiva, quanto a Lei nº 10.436/2002 – regulamentada pelo Decreto nº 5.626/2005 – possibilitaram um grande salto para a educação de surdos no país. A primeira, pela defesa de uma escola atenta às peculiaridades e demandas de seus discentes; a segunda, por reconhecer a Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação e expressão legítima da comunidade surda e por indicar medidas para a garantia do direito ao acesso e sucesso escolar da população surda na escola. Amparado nessas discussões, este estudo teve como objetivo analisar o processo de escolarização de alunos surdos no Ensino Médio em uma escola pública estadual do município de Natal, Rio Grande do Norte. Realizou-se um estudo de caso de natureza qualitativa. Os sujeitos foram três alunos surdos concluintes do Ensino Médio, uma professora de Língua Portuguesa e dois intérpretes de Língua Brasileira de Sinais. Como procedimento de investigação, recorreu-se a entrevistas (gravadas em áudio e vídeo), observações e análise de documentos. A participação de sujeitos surdos demandou cuidados éticos adicionais, tais como: tradução do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e do roteiro da entrevista para a Língua Brasileira de Sinais. Os resultados apontam que o acesso ao Ensino Médio e a consequente permanência nesse nível de ensino foram garantidos, havendo, contudo, pouca participação nas aulas, além do fato de a aprendizagem dos conteúdos escolares estar comprometida. Havia tradutores-intérpretes de Língua Brasileira de Sinais, mas tais profissionais só iniciaram suas atividades três meses após o começo do período letivo. A professora e os intérpretes não mantiveram interações para facilitar o aprendizado ou a participação dos educandos pesquisados, que ficavam sempre juntos em determinado local da sala de aula, sem maiores interações com seus pares ouvintes. Os discentes surdos estavam finalizando o Ensino Médio com idade superior a 17-18 anos, os quais revelaram não ter perspectivas de continuidade de estudos ou de inserção no mercado de trabalho. Conclui-se que a escolarização dos alunos surdos investigados aponta para a necessidade de uma reorganização curricular para atender às especificidades linguísticas e sociais desses estudantes.