Paisagens festivas de um Ceará negro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rafael, Francisco Levy Freitas
Orientador(a): Dozena, Alessandro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26983
Resumo: Conhecido como “Terra da Luz” por seu processo exemplar de abolição antecipada, o Estado do Ceará tem, assim como todo o Brasil, uma dívida gigantesca com negras e negros brasileiros e africanos que aqui chegaram escravizados. Desse modo, sendo necessário, além da entrada de negros e negras nas universidades públicas, o incentivo a pesquisas relacionadas a essa população, seus métodos de existência e de resistência ao longo dos anos, principalmente a partir de seus aspectos culturais. Este trabalho teve como objetivo tratar sobre paisagens culturais, em especial, paisagens festivas negras no estado do Ceará, partindo, para tanto, de festas existentes em tempos/espaços distintos. Sendo estas as festas que ocorriam sobretudo na cidade de Fortaleza durante as últimas décadas do séc. XIX e festas realizadas em duas comunidades quilombolas rurais - a Dança de São Gonçalo realizada no Sítio Veiga, município de Quixadá, e a Festa de Nossa Senhora de Nazaré, em Nazaré, município de Itapipoca. Após séculos de trabalho e alcance de liberdade oficialmente a partir de uma lei sem garantia de direitos, a população negra no Brasil se viu excluída e, durante muito tempo, esquecida e negligenciada. Estes processos de negação e extermínio institucionalizados, existentes ainda hoje, tem como algumas de suas gêneses movimentos que ocorreram entre os fins do século XIX e primeiras décadas do século XX, desde os movimentos culturais modernistas eurocêntricos até mesmo as políticas públicas de branqueamento implementadas a partir de múltiplas maneiras em todo território nacional. Construído a partir de uma autobiogeografia esse trabalho é como um encontro consciente a toda uma cultura negra resistente, reinventada e viva, ao tempo que é também um chamado a reflexões e ações sobre relações étnico-raciais, direito ao olhar, a paisagem, a imagem, a memória e consequentemente a um devir. Elaborado a partir de narrativas escritas e visuais, é também uma tentativa de abertura a novas formas do fazer Geografia, utilizando-se, assim, de ferramentas já conhecidas para uma caminhada de subversão, como tantas negras e negros o fizeram antes para que minha existência e a existência deste trabalho fosse então possível.