Os trabalhos não remunerados das mulheres rurais no Brasil: um estudo a partir dos dados da PNAD Contínua - 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Viana, Raquel
Orientador(a): Wellen, Henrique André Ramos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30276
Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar as particularidades dos trabalhos produtivo e reprodutivo não remunerados das mulheres no meio rural brasileiro. A totalidade de trabalhos que estas mulheres realizam de forma gratuita, tanto na esfera da produção quanto da reprodução/doméstica. Os pressupostos teóricos se referenciam na tradição marxista em diálogo com as elaborações no campo do feminismo materialista e da economia feminista. Refletiu-se sobre a consubstancialidade das relações sociais de sexo, raça e classe, a divisão sexual do trabalho, o trabalho doméstico e de cuidados como base de sustentação da subordinação e exploração das mulheres na sociedade capitalista-patriarcal-racista. A base empírica do nosso estudo foram os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE referente ao ano de 2018. Caracterizaram-se as diferentes formas de trabalhos realizados pelas mulheres rurais com ênfase nas variáveis cor ou raça. O resultado evidenciou que homens e mulheres participam do trabalho reprodutivo/doméstico, mas as mulheres continuam como responsáveis majoritárias por esse tipo de trabalho. Características como regularidade e eventualidade diferenciam o trabalho reprodutivo/doméstico de mulheres e homens, respectivamente. A participação dos homens obedece a uma hierarquia nos tipos e lugar em que as tarefas são realizadas. Portanto, realizam tarefas mais do espaço público e mantém distanciamento daquelas consideradas ―femininas‖. O trabalho das mulheres não reconhece fronteiras geográficas e é realizado seja em espaços públicos ou privados e na casa de parentes. Assim, o estudo mostrou que os homens, detém certa liberdade, convertida em privilégio que concede a eles o direito de escolher que tipo de atividade deseja realizar. No trabalho para o próprio consumo, revelou-se dinâmica uma pouco diferente. Nele as mulheres avançam mais na realização das atividades consideradas ―masculinas‖, mas no geral, permanece a desigualdade, na medida em que as horas que elas dedicam ao conjunto dos trabalhos não remunerados (reprodutivo e produtivo) é superior a dos homens. A maioria dos que realizam trabalhos não remunerados no meio rural são negros (pretos e pardos) com evidente divisão sexual e racial do trabalho. A condição das mulheres rurais em trabalhos duplamente não remunerados nos desafiam a aprofundar a reflexão sobre o processo de subordinação e exploração que estas vivenciam em seus cotidianos.