A atividade profissional dos técnicos de enfermagem de NatalRN e o manejo do risco psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Prestes, Miliana Galvão
Orientador(a): Falcão, Jorge Tarcisio da Rocha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26426
Resumo: O objetivo central desta pesquisa foi investigar como técnicos de enfermagem em situação presumida de risco psicossocial fazem a gestão dos aspectos internos, concernentes a sua subjetividade, bem como dos recursos externos disponíveis no exercício de sua atividade de trabalho. Os trabalhadores vêm sendo cada vez mais confrontados com situações em que o nível de exigências em relação à atividade de trabalho aumenta, enquanto os recursos individuais e coletivos disponíveis para enfrentá-las diminuem. Em sua definição clássica, os riscos psicossociais constituem um conjunto de aspectos que atingem os trabalhadores e que usualmente estão relacionados à ocorrência de estresse, assédio moral ou sexual e outras formas de violência, conducentes a manifestações diversas de sofrimento subjetivo como adoecimento, depressão e até suicídio. Esse trabalho, por sua vez, se alinha a uma perspectiva contra-hegemônica de risco psicossocial entendendo que o mesmo não pode se restringir apenas à consideração de fatores estressores externos, mas deve necessariamente levar em conta a gestão de tais estressores pelo próprio indivíduo envolvido. A proposta é investigar qual a margem que os trabalhadores em situação coletiva de risco psicossocial possuem para efetivamente realizarem um trabalho que eles próprios avaliem como bem feito, além de desenvolverem tal prática. A pesquisa aqui descrita combinou abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas, de forma não-sequencial, abrangendo dois estudos em interlocução: 1. Um primeiro estudo de levantamento epidemiológico do tipo survey a partir do questionário JCQ (Job Content Questionnaire)-KARASEK-BRASIL e de uma Ficha Sócio-Demográfica e Funcional, com uma amostra representativa da população de referência. 2. Um segundo estudo que consistiu na abordagem clínica à atividade de trabalho de dois técnicos de enfermagem, através da instrução ao sósia. A integração das análises dos dois estudos permitiu constatar que a ocupação profissional em questão não pode efetivamente ser caracterizada como submetida, coletivamente, a contexto de risco piscossocial, o que mobiliza formas de maior ou menor efetividade para a gestão individual dessas situações. Os dados obtidos no primeiro estudo não confirmam que o gênero profissional pesquisado pode ser considerado como em situação de risco psicossocial. Entretanto, a amostra apresenta uma polarização internas demonstrada pela existência de dois grupos caracterizados por níveis diferentes de estresse relacionado ao trabalho. O nível de estresse coletivo evidenciado pelo instrumento não parece muito diferente do que seria obtido de uma amostra ampla de ocupações profissionais, mas isso precisaria passar por uma verificação empírica. Os dados do segundo estudo, por outro lado, mostram que o poder de agir em atividade profissional demanda a consideração tanto de aspectos externos, quanto de aspectos relacionados à forma do indivíduo lidar com aqueles aspectos. Tais dados dão suporte, portanto, a uma perspectiva de concepção do risco psicossocial que ultrapassa a abordagem higienista de limitação de tal risco à externalidade de fatores vinculados à organização do trabalho.