Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Santos, Gabrielle Leite dos |
Orientador(a): |
Alves, Maria da Penha Casado |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51937
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Resumo: |
Esta pesquisa doutoral se debruça sobre as comunidades online de fanfics, seu modo de funcionamento e produtos, nas suas relações com as práticas culturais de fãs e com a cibercultura, que conformam em grande medida os modos pelos quais criamos, armazenamos e disseminamos conhecimento, cultura e memória na atualidade. Aqui, avanço em explorar essa cultura a partir de um ponto de vista macroscópico, por meio da observação de um fenômeno interno às comunidades de fanfic, controverso e certamente curioso: o Omegaverse. Omegaverse é um universo ficcional ou tropo ficcional surgido dentro das comunidades de fanfic, criado, utilizado, expandido e disputado por fãs de diversos fandoms midiáticos nas últimas décadas. Sua archaica se confunde com o próprio surgimento do fandom de mídia, no slash de Star Trek, e se ramifica em uma fusão de diversas referências e experimentações, a partir da sua estabilização e complexificação em fandoms mais recentes. Esse tropo tornou-se centro de diversas discussões e polêmicas, não apenas dentro do próprio movimento de fãs, em torno de disputas das representações de corpo, gênero e sexualidade, mas também nas livrarias físicas e online em que histórias comerciais no universo Omegaverse passaram a ser publicadas e nas páginas do New York Times, numa disputa judicial por direito autoral. O objetivo do presente trabalho é compreender o Omegaverse como um produto dialógico das comunidades de fanfic e observar o coro de vozes e a arena discursiva que constitui a produção crítica em fandoms, dentro da lógica participativa, tanto no ambiente virtual quanto no ambiente acadêmico, para onde os aca fans levam, muitas vezes, essas discussões. Parto do aporte teórico-metodológico do Círculo de Bakhtin, amparado ainda pelos estudos sobre cultura de fã e fanfic, e empreendo a investigação por meio do cotejamento de textos e do método indiciário. Utilizo como corpus de análise dois artigos em formato wiki, especificamente os do Wikipedia (2022) e do Fanlore (2022), que descrevem o universo, além da produção acadêmica de fãs hoje publicada em torno do tropo e suas questões, referenciadas nos respectivos artigos. Os resultados apontam para a expressão do Omegaverse em suas relações com uma archaica principalmente caracterizada pela ficção científica da década de 70 e 80, notavelmente debruçada sobre questões de corpo, gênero e sexualidade testadas em seu limite imaginativo; seu papel na produção de sentidos ambivalentes dentro do movimento de fãs, ora refratando e em disputa aberta com sentidos sexistas que atravessam nossa sociedade, ora reproduzindo-os: o que não passa despercebido pela comunidade de fãs, em especial parte significativa dessa comunidade composta por mulheres feministas dispostas a disputar tais sentidos. |