Um navio de papel com emigrados que me dizem adeus: a geografia literária de Teixeira de Pascoaes e a crise dos espaços em Portugal (1877-1928)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silveira, Cid Morais
Orientador(a): Albuquerque Júnior, Durval Muniz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57902
Resumo: Esta tese se propõe a analisar a relação entre o poeta português Teixeira de Pascoaes e os espaços que aparecem em sua obra, articulando-a com uma crise que atingia dados espaços na sociedade portuguesa entre o fim do século XIX e início do século XX. Meu objetivo é analisar as dimensões simbólicas – imagens, significados e valores - construídas e agenciadas pelo discurso literário de Teixeira de Pascoaes e como esse discurso enuncia e constrói paisagem afetivas e saudosas da casa, da montanha, das aldeias, das cidades. Na contramão dos estudos que tendem a reduzir a obra de Pascoaes a uma expressão do Saudosismo, a uma literatura da ausência ou uma filosofia da saudade, desejo inaugurar uma outra forma de interpretação, e é aqui onde se encontra a tese central deste trabalho: pensar a poética do espaço em Pascoaes como uma literatura de resistência a um processo de desterritorialização sofrido por grande parte da população de Portugal no período destacado. Ao lado de acontecimentos traumáticos, de desestabilizações sociais, políticas e econômicas, surgiu o que chamo de crise dos espaços, ou seja, uma quebra do vínculo entre dados grupos sociais e a terra, o desenraizamento coletivo do lugar natal, um movimento de afastamento e uma perda de controle das territorialidades individuais e coletivas, provocada pelos tempos de crise e pelo avanço da modernidade capitalista e burguesa. Cultivo a hipótese de que a figura de Pascoaes, juntamente com sua geografia poética, representa um desejo de luta frente a esse processo, fazendo justamente o movimento contrário: o sujeito que retorna à aldeia onde nasceu e à Casa de Pascoaes, em ruínas, para reconstruí-la e lá viver até o resto de sua vida, à beira da montanha.