Mosquitos vetores (Diptera: Culicidae) do semiárido brasileiro: fatores bioecológicos e socioepidemiológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Inácio, Cássio Lázaro Silva
Orientador(a): Ximenes, Maria de Fátima Freire de Melo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46672
Resumo: Os mosquitos são insetos presentes em todo o planeta. Atualmente são conhecidas cerca de 3.578 espécies. No Brasil, são relatadas cerca de 530 espécies de mosquitos, dentre estas, algumas são consideradas vetores de patógenos causadores de doenças. Estima-se que na Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, ocorrem cerca de 80 espécies. No estado brasileiro do Rio Grande do Norte já foram registradas 76 espécies. A alimentação sanguínea, por parte das fêmeas, acaba propiciando a infecção e transmissão de agentes patogênicos. O Rio Grande do Norte vem sofrendo ao longo dos anos com epidemias de Dengue, Zika e Chikungunya, doenças cujo principal vetor é o Aedes aegypti. Os estudos sobre a fauna de mosquitos no estado ainda são escassos, necessitando assim de mais pesquisas para uma melhor compreensão das relações destes insetos na transmissão de patógenos e com o meio ambiente. Neste sentido, o presente trabalho buscou inventariar a fauna de culicídeos no município de Currais Novos em área urbana e natural preservada, objetivando a compreensão das interações bioecológicas e socioepidemiológicas. No meio urbano, foi realizado o monitoramento mensal da população de Aedes aegypti com a utilização de ovitrampas. As armadilhas foram instaladas e no intradomicílio, equidistantes cerca de 300 m, instaladas e expostas durante sete dias e depois substituídas. Foram calculados os índices de Positividade de Ovitrampas (IPO), de Densidade de Ovos (IDO) e da Média de Ovos (IMO) para cada período estudado, os quais são importantes para o entendimento da dinâmica populacional e período reprodutivo de mosquitos. Um total de 92.340 ovos foram coletados durante o estudo, entre maio de 2018 e março de 2020. O índice de positividade de ovitrampas apresentou correlação positiva com a precipitação. A pesquisa viral em insetos adultos oriundos dos ovos coletados, revelou um possível novo vírus específico de insetos, por métodos de inferência filogenética: Máxima Verossimilhança, Máxima Parcimônia e Neighbor-Joining. Em ambiente de mata, ovos, larvas, pupas e adultos foram investigados. As coletas de ovos ocorreram por meio de ovitrampas. Os imaturos, por busca ativa em criadouros naturais e os insetos adultos com armadilha de Shannon. Todas as coletas ocorreram uma vez por mês, na área preservada no período de abril de 2017 a março de 2020 no Cânion dos Apertados em Currais Novos. Um total de 15 táxons foram encontrados, sendo 14 de imaturos e 13 de mosquitos adultos. A correlação dos insetos com as variáveis climáticas locais foi constatada, tendo a temperatura como componente climático preponderante. Para os imaturos foram registrados 14 tipos de criadouros naturais. Foram coletados 2.342 mosquitos adultos entre às 17h-20h. No entanto, apenas exemplares da espécie silvestre Haemagogus spegazzinii foram encontrados infectados por arbovírus, vírus dengue tipo 2. A postura de ovos deste mosquito é realizada principalmente durante o período cuja pluviosidade é mais intensa, e esses ovos podem resistir por até 380 dias no ambiente. O desenvolvimento de Hg. spegazzinii dura em torno de 14 dias, da eclosão até a fase adulta, podendo estes apresentar 3 morfotipos além do padrão clássico para a espécie. Relatamos o primeiro registro da espécie Hg. spegazzinii em meio urbano, e presença de Ae. albopictus no município de Currais Novos-RN. Desse modo, o presente trabalho acrescenta novas informações sobre os mosquitos da caatinga e contribui para o entendimento de sua biologia e estratégias de sobrevivência no semiárido em meio urbano e natural. Neste aspecto, o monitoramento das populações de mosquitos pode auxiliar em políticas públicas para o controle e combate destes insetos a partir do conhecimento sobre os nichos, bioecologia, frequência, abundância e sazonalidade dos mosquitos.