Matriz, capelas e desobrigas: um olhar sobre a cristianização do espaço da Freguesia do Seridó (1788-1838)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Medeiros, Isac Alisson Viana de
Orientador(a): Macedo, Helder Alexandre Medeiros de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30720
Resumo: Propõe um estudo acerca do território da Freguesia da Gloriosa Senhora de Santa Ana do Seridó (1788 a 1838), a partir dos templos religiosos – matriz e capelas – construídos no recorte em questão. Segundo Marcelo Lopes Souza, o território compreende um espaço definido e delimitado a partir de relações de poder. Nesse sentido, aborda a territorialização da freguesia entendendo a Igreja Católica como agente modelador do espaço. Considera-se que a doutrina cristã se estabelece como um conjunto de práticas que tem como função o controle do território e das pessoas sobre as suas próprias diretrizes e interesses, a partir de estratégias que visam manter a existência e legitimar a fé, assim como a sua reprodução ao longo da história. A construção de templos religiosos tratava-se de uma dessas estratégias que agiam com o intuito de modelar o espaço conquistado com características cristãs que ajudassem a manter o controle e posse das terras sob o poder da Coroa Portuguesa em parceria com a Igreja Católica. Desse modo, também agiam as desobrigas – processo pelo qual os padres se locomoviam pelo território realizando ritos cristãos –, a partir da assistência religiosa dada à população mais afastada dos centros da freguesia, os padres exerciam ao mesmo tempo certo controle e organização do território, evitando que seu “rebanho” se desviasse das normas cristãs. Já o conceito de Cristianização espacial apropriado de Cláudia Damasceno Fonseca, é essencial para discutir a espacialidade dos prédios religiosos dispostos na Freguesia do Seridó, assim como a contribuição destes para o controle e manutenção do poder da religião católica no território. Assim, o estudo parte do pressuposto de que uma porção da conquista da Igreja passava pela cristianização do espaço a ser dominado, dando a ele características próprias da sua religião, com o intuito de marcar o seu domínio e estabelecer um sistema de manutenção de sua fé entre a população que ali residia. Metodologicamente, parte de revisão historiográfica, seleção, coleta e análise quantitativa e qualitativa das fontes paroquiais – livros de batizado, casamento e óbito, que vão de 1788 a 1838 e que juntos somam um total de 4.024 registros – para estabelecimento de perfil das cerimônias ocorridas nos templos religiosos da freguesia, assim como para a produção da trajetória do processo histórico de seus surgimentos e contribuição para a produção do território. Concluiu-se que a Freguesia do Seridó se constituiu como um território cristão, tendo na figura dos templos religiosos um elemento de grande relevância para esse processo, já que estes atuaram como centros difusores da religião católica – símbolo do sucesso da conquista portuguesa nos sertões – se entendermos que sua construção estava diretamente vinculada ao processo de povoamento das terras do Sertão da Seridó, tendo o estabelecimento das povoações e sede da Freguesia estreitamente vinculado à construção desses edifícios na área a ser povoada.