Onde os extremos se tocam: a classe operária chinesa e a Era Xi Jinping

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Barbieri, André Augusto de Paula
Orientador(a): Lindozo, José Antônio Spineli
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55152
Resumo: A tese que defendemos nesse trabalho é que a China não pode ser considerada como o socialismo do século XXI, nem o portador de uma “multipolaridade benigna” em oposição à beligerância do imperialismo norte-americano. A China se tornou um ator influente e decisivo, dentro do sistema capitalista de Estados, na disputa por quem pagará os custos do esgotamento do ciclo neoliberal da globalização. A política da República Popular da China na era Xi Jinping difere em seus traços fundamentais daquela das eras anteriores: tratamos de uma China que pela primeira vez na história capitalista disputa nichos de acumulação capitalista internacionalmente, e mostra uma postura assertiva na defesa do projeto de “grande rejuvenescimento da nação chinesa”, que implica questionar (em perspectiva, transformar) a velha ordem unipolar do neoliberalismo das últimas décadas. Entretanto, longe do suposto “socialismo do século XXI”, a atuação da China no concerto de Estados não tem caráter de subversão do sistema capitalista. O objetivo seminal do “Sonho Chinês” sob Xi Jinping é rearranjar o ordenamento desse sistema a fim de melhorar a posição da República Popular na hierarquia capitalista global. Um reordenamento de tamanha magnitude não se poderia dar sem novas conflagrações militares de envergadura histórica. Tomando as diferenças na composição interna e nas características do imperialismo em decadência dos Estados Unidos e do capitalismo chinês em ascensão dirigido pelo regime bonapartista do PCCh, pudemos lançar luz sobre o caráter regressivo da competição entre Washington e Pequim para toda a humanidade. Através da pesquisa, pudemos encontrar que distintos processos se cruzaram a China no curso do desenvolvimento que na era Xi Jinping a coloca em conflito geoestratégico com a superpotência imperialista dos Estados Unidos. Por um lado, a restauração do modo de produção capitalista, dirigido pela própria burocracia do Partido Comunista Chinês, culminou o bloqueio da dinâmica expansiva do comunismo oriunda da estratégia de Mao Zedong a partir da Revolução de 1949. Isso constrangeu as capacidades de desenvolvimento das forças produtivas da humanidade e oxigenou a ofensiva neoliberal em todo o mundo. Por outro lado, devido ao atraso chinês no ocaso da Guerra Fria, a apropriação das conquistas da Revolução por parte da restauração capitalista impulsionaram a China a passar de ser uma economia essencialmente agrária a se tornar um superpotência capitalista em rápida ascensão, com traços imperialistas. Uma conjugação dessa natureza, única na história, remodela todas as condições da política mundial, no marco do esgotamento do ciclo neoliberal e da guerra da Ucrânia. Através da investigação, em debate crítico com distintos intelectuais que trataram, à sua maneira, o tema da China (como Perry Anderson, Giovanni Arrighi, Alain Badiou, Domenico Losurdo, Ching Kwan Lee, Alvin So, Au Loong-yu, Cynthia Estlund, Andrew Walder, entre outros) pudemos estabelecer o papel da classe operária chinesa, em sua renovada configuração, para pensar o desafio de impedir um desenlace reacionário da disputa intercapitalista sino-estadunidense. Resgatando a tradição marxista (com as contribuições seminais de Leon Trótski e Antonio Gramsci) no século XX para abordar os complexos e originais problemas políticos da nossa época, apresentamos uma reflexão sobre a possibilidade da revolução e do socialismo na China do século XXI.