Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Cavalcanti, Maria Clara Bezerra Tenório |
Orientador(a): |
Lopes, Priscila Fabiana Macedo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27590
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Resumo: |
As florestas, ainda hoje, representam uma importante fonte de bens e serviços para os grupos humanos em todo o planeta. Em regiões áridas, por exemplo, elas desempenham um papel crucial na promoção do balanço ecológico, social e econômico, sustentando os modos de vida da população. Apesar da sua importância, estas regiões têm sido ameaçadas por políticas ambientais ineficazes, secas cada vez mais intensas e frequentes e atividades humanas adversas, tais como uso intensivo da terra para agricultura e pasto, urbanização acelerada e crescimento da população. Atrelado a isso, as populações humanas que habitam as regiões áridas são, em geral, as mais pobres e vulneráveis do planeta. Nesse sentido, a pobreza é também um dos aspectos que acarretam na superexploração de recursos naturais para suprir as necessidades da população, o que acelera o processo de degradação ambiental. Tal situação demanda políticas efetivas para promover a equidade social e a conservação da biodiversidade, objetivos estes que podem ser facilitados por meio de um entendimento integrado: (1) das condições que levam as pessoas a utilizarem e dependerem dos recursos naturais locais; (2) da importância do ambiente para suprir as necessidades financeiras e de subsistência da população pobre; e (3) de como as pessoas vulneráveis respondem às estratégias que promovem a conservação da biodiversidade local por meio da imposição de limites de acesso aos recursos naturais dos quais elas dependem. Esta pesquisa aborda estes três pontos, correspondendo a um capítulo diferente cada, com o objetivo geral de alcançar um entendimento mais aprofundado das dimensões social, econômica e ecológica da resiliência de sistemas socioecológicos em regiões semiáridas. Este estudo foi desenvolvido na Caatinga, um bioma rico em biodiversidade que está localizado na porção nordeste do Brasil e engloba as maiores taxas de pobreza do país. Utilizamos questionários semiestruturados para entrevistar 254 informantes residentes em 21 comunidades rurais distribuídas em cinco polígonos previamente selecionados no estado do Rio Grande do Norte. No primeiro capítulo, encontramos que algumas das características socioeconômicas das famílias rurais, juntamente com as condições de inserção urbana às quais as comunidades estão submetidas, direcionaram a frequência de uso dos recursos naturais num contexto local. Os hábitos culturais da população podem explicar porque alguns recursos são continuamente utilizados independentemente das diferenças na renda e influências urbanas entre os entrevistados. No segundo capítulo, estimamos que o valor econômico dos recursos naturais do semiárido supera os US$ 40.000,00, considerando um único uso de um recurso específico por informante dentro de um período de cinco anos, e verificamos que estes recursos contribuem principalmente para a geração de renda de subsistência (23,5% da renda total) das famílias. Observamos também que a renda dos recursos naturais é maior para as famílias com maior renda total, o que pode ser consequência da utilização de produtos com maior valor econômico derivado, como madeira para construção e carne de caça. Por fim, no terceiro capítulo, observamos que as pessoas que perceberam as proibições de acesso aos recursos naturais como um prejuízo às suas famílias tenderam a aceitar cenários de conservação menos restritos, contrariamente àquelas que possuíam um maior nível de educação formal. As políticas ambientais devem ser direcionadas a auxiliar especialmente aquelas pessoas que são mais dependentes dos recursos locais a fim de contribuir para a melhoria do seu processo de adaptação em lidar com os impactos decorrentes das medidas de conservação. Os recursos do semiárido são fundamentais para a manutenção da cultura das populações rurais e como estratégia de subsistência. Devemos, então, garantir que estas populações sejam empoderadas, assistidas e incluídas no processo de decisão sobre a proteção da Caatinga. |