Distúrbios do sono na população brasileira: análise dos fatores associados às queixas de redução da função reparadora do sono, insônia, sonolência e suas implicações em morte e eventos cardio-cerebrovasculares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lopes, Johnnatas Mikael
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/24804
Resumo: Os distúrbios do sono são caracterizados por alterações no ciclo sono-vigília. Os estudos relativos às condições do sono e suas repercussões na população brasileira são em sua grande maioria de contexto clínico, reduzindo a representatividade dos achados. O objetivo do estudo foi identificar fatores biológicos/saúde, comportamentais e sociais associados com as queixas de redução da função reparadora do sono (FRS), insônia e sonolência excessiva diurna (SED) na população brasileira assim como os efeitos destas queixas na ocorrência de morte e eventos cardio-cerebrovasculares em idosos. O estudo foi desenvolvido em dois delineamentos. O primeiro foi uma análise de dados transversais oriundos da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013. Neste delineamento visava-se estimar a ocorrência da redução da FRS, queixas de insônia e sonolência excessiva e suas associações. O segundo desenho trata-se de uma coorte prospectiva de idosos comunitários com linha base em 2009, dividida em grupo de expostos às queixas de insônia e sonolência e não expostos, para estimar seus efeitos sobre a mortalidade e eventos cardiovasculares, em oito anos de seguimento. As análises dos dados transversais ocorreram através de modelagem de Cox com a inclusão dos pesos amostrais no cálculo das estimativas e para os dados prospectivos aplicou-se modelagem de Poisson. Adotou-se um α≤0,05. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Onofre Lopes, recebendo o parecer 2.048.708. Os resultados do primeiro estudo indicam que aproximadamente 28,2% (IC95%:27,4%-29,0%) dos adultos e 34,1% (IC95%:32,6%-35,7%) em idosos relatam queixas de insônia e sonolência. A FRS estava reduzida em 34,1% (IC95%:32,6%-35,7%) em adultos e 29,2% (IC95%:27,2%-30,6%) nos idosos. As queixas de insônia/SED foram relatadas em 28,2% (IC95%: 27,4%-29,0%) nos adultos e 34,1% (32,6%-35,7%) no idosos. Nos adultos, a redução da FRS associa-se com as mulheres (RPaj1=1,12; IC95%: 1,05-1,20/ RPajus2=1,22; IC95%:1,09-1,37), baixos estratos sociais DE (RPaj1=1,21;1,07-1,35, RPaj2=1,42;1,18-1,71) e C (RPaj1=1,30;1,12-1,50), sintomas depressivos (RPaj1=3,22;2,94-3,52/RPaj=3,29;2,83-3,83), oscilação comportamental (RPaj1=1,51;1,41-1,63/ RPaj2=1,66;1,46-1,89), má percepção de saúde geral (RPaj=1,32;1,20-1,38/ RPaj2=2,30;1,92-2,75), má percepção de saúde bucal (RPaj=1,11;1,04-1,19), ter condição crônica de saúde (RPaj1=1,23;1,15-1,31/ RPaj2=1,42;1,26-1,61), ter queixas de insônia/SED (RPaj1=2,47;2,28-2,67/ RPaj2=3,03;2,66-3,47), possuir atividade laboral (RPaj1=1,32;1,23-1,42/ RPaj2=1,27;1,13-1,44)e morar em zona urbana (RPaj2=1,31;1,10-1,55). Baixo peso (RPaj1=0,82;0,69-0,98), estilo de vida saudável (RPaj1=0,91;0,83-0,99/ RPaj2=0,74;0,64-0,87) e reduzido apoio social (RPaj1=0,88;0,80-0,96) são inversamente associados a redução da FRS em adultos. Em idosos, a redução da FRS associa-se com a raça/cor branca (RPaj2=1,18;1,01-1,39), dificuldade em atividades diárias (RPaj1=1,13;1,01-1,27/ RPaj2=1,36;1,12-1,65), usar computador/internet (RPaj1=1,14;1,01-1,30) e, assim como nos adultos, sintomas depressivos (RPaj1=3,37;2,87-3,97/ RPaj2=3,77;2,88-4,96), oscilação comportamental (RPaj1=1,75;1,53-1,99/ RPaj2=1,81;1,46-2,24), má percepção de saúde geral (RPaj1=1,50;1,23-1,82/ RPaj2=3,12;2,31-4,21), regular percepção de saúde bucal (RPaj=1,21;1,08-1,37), ter condição crônica de saúde (RPaj2=1,58;1,11-2,40), ter queixas de insônia/SED (RPaj1=2,45;2,14-2,79/ RPaj2=3,46;2,77-4,33), ter apoio social (RPaj1=1,14;1,01-1,30) e morar em zona urbana (RPaj2=1,32;1,02-1,72). O delineamento prospectivo revelou 40 (25,97%:19,04-32,89) mortes no período e 48 (30,76%:23,52-38,01) eventos cardio-cerebrovasculares. Os homens apresentaram maior risco (RR=1,88; 1,01-3,50) de morte. A depressão (RR=2,04;1,06-3,89), gravidade da insônia (RR=2,39;1,52-4,56) e latência do sono entre 16-30 minutos (RR=3,54;1,26-9,94) e 31-60 minutos (RR=2,23;1,12-4,47) aumentam o risco de morte independentemente em idosos comunitários. Os eventos cardio-cerebrovasculares foram preditos apenas por idosos hipertensos e/ou diabéticos (RR=8,30;1,98-34,82). As queixas de redução da FRS, insônia e sonolência atingem quase um terço da população brasileira e está intimamente relacionada às condições emocionais, cronicidade e urbanização. As queixas de gravidade da insônia e a dificuldade de iniciar o sono parecem aumentar a mortalidade em idosos, juntamente com sintomas depressivos.