Perfil inflamatório de indivíduos com distrofia muscular de Duchenne: relações entre parâmetros bioquímicos e nutricionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Costa, Adila Danielly de Souza
Orientador(a): Maciel, Bruna Leal Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32418
Resumo: Introdução: a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é a mais frequente das distrofias. A inflamação crônica surge como característica importante da sua fisiopatologia e progressão, sendo as citocinas biomarcadores da inflamação sistêmica e indicativas de lesão muscular na DMD. Objetivo: identificar o perfil inflamatório de indivíduos com DMD e avaliar associações entre variáveis bioquímicas e nutricionais. Métodos: foi realizado um estudo observacional prospectivo com coleta de dados realizada entre janeiro de 2018 e junho de 2019, na cidade de Natal, região Nordeste do Brasil. Foram incluídos pacientes do sexo masculino com diagnóstico confirmado de DMD. Dados sociodemográficos e do tempo de doença foram obtidos por entrevista; o uso de medicações foi avaliado a partir de informações do prontuário do paciente; o estado nutricional foi avaliado de acordo com o índice de massa corporal (IMC) e a composição corporal determinada com o auxílio da densitometria de dupla emissão de raio-x (DXA). Os níveis plasmáticos das citocinas IL-1β, IL-6 e TNF- foram dosados por meio do teste de Enzyme Linked Immunosorbente Assay (ELISA). A relação entre o tempo de doença, estado nutricional, composição corporal e citocinas, foi avaliada pelo teste Wilcoxon. O coeficiente de correlação de Spearman e regressões lineares múltiplas foram utilizadas para estabelecer relação entre o tempo de surgimento dos primeiros sinais de DMD, a massa gorda e as citocinas. Resultados: avaliou-se 44 indivíduos com idade entre 4,3 e 24,2 anos. No momento da coleta de dados os indivíduos estavam há 7,8 (4,7–10,5) anos desde o surgimento dos primeiros sinais da doença. Em relação ao IMC, 18,2% dos indivíduos apresentaram magreza acentuada, magreza ou baixo peso, 40,9% eutrofia e 40,9% risco de sobrepeso, sobrepeso ou obesidade. Os valores medianos do %MG foram de 33,9 (15,9–50,2)%. O %MG aumentou (p<0,001) com o distanciamento do tempo desde o início dos primeiros sinais da DMD. Constatou-se que o tempo de doença esteve positivamente correlacionado com a IL-6 (ρ = 0,371 p = 0,013). O IMC/Idade (IMC/I), por sua vez, correlacionou-se negativamente com a IL-1 (ρ = -0,357 p = 0,030) e TNF-  (ρ = -0,353 p = 0,032), enquanto o %MG apresentou relação negativa com o TNF- (ρ = -0,407 p = 0,009). Os modelos de regressão demonstraram menores escore-z de IMC/I associados a maiores valores de IL-1 (β = -0,498 p = 0,003) e com IL-6 (β = -0,640 p = 0,004), maior %MG associado positivamente com a IL-6 (β = 0,582 p = 0,007) e negativamente com o TNF-α (β = -0,415 p = 0,015, respectivamente). Conclusão: Foi observado perfil inflamatório persistente nos pacientes avaliados, sendo que o tempo de doença não foi um preditor para os valores das citocinas avaliadas. Menores valores de IMC/I e maiores valores de %MG foram preditores de maiores concentrações de IL-6, enquanto menores valores de %MG estiveram associados com maior produção de TNF-α. Os dados sugerem que a manutenção do adequado estado nutricional e da composição corporal são importantes para determinação da inflamação apresentada por indivíduos com DMD.