O circuito espacial produtivo de celulose e o uso do território em Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lelis, Leandro Reginaldo Maximino
Orientador(a): Locatel, Celso Donizete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/29323
Resumo: A partir de meados da década de 2000, o circuito espacial produtivo de celulose se expandiu em Mato Grosso do Sul, sobretudo em sua região Leste. Em menos de uma década, a expansão deste circuito inseriu o referido estado entre os principais produtores de eucalipto e de celulose do Brasil, além de torná-lo o principal exportador de celulose. Nesse contexto, o objetivo geral desta pesquisa consiste em compreender o uso do território pelo circuito espacial de produção de celulose em Mato Grosso do Sul, bem como seus desdobramentos econômicos, sociais e ambientais. A partir dos procedimentos metodológicos adotados, constatou-se que a expansão do circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do Sul é resultado da redefinição na divisão territorial do trabalho vinculada à produção de papel, caracterizada, na escala global, pela transferência da produção florestal e de celulose – etapas iniciais da produção de papel – dos países do Norte para os países do Sul e, na escala nacional, pela interiorização da produção florestal e de celulose. Entende-se que a escolha da região Leste de Mato Grosso do Sul para a expansão do circuito pesquisado ocorreu devido à combinação de oito fatores, sendo a atuação estatal, nas instâncias federal, estadual e municipal, o mais preponderante em razão da criação de condições ideais, sobretudo do ponto de vista econômico, normativo e infraestrutural, para a utilização corporativa do território sulmato-grossense por parte das companhias produtoras de celulose. Ademais, outro aspecto que merece destaque se refere à multiescalaridade geográfica do circuito investigado. Isso porque, apesar da transferência das etapas iniciais da produção de papel dos países do Norte para os do Sul, os primeiros continuam sendo os grandes fornecedores de tecnologias para os projetos de celulose instalados nos segundos, além de estarem entre os principais consumidores da celulose produzida nesses países. Esse contexto demonstra que o circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do Sul está articulado a partir de diferentes escalas, desde a global até a local, por meio de fluxos materiais e imateriais de diversas ordens, conteúdos e intensidades. Articulação possibilitada por círculos de cooperação no espaço bem definidos, que, a partir das verticalidades do mercado global, contribuem para a inserção de lógicas externas ao lugar, provocando diversos desdobramentos na cidade, no campo e no mercado de trabalho, os quais revelam o caráter contraproducente do circuito estudado, além de evidenciarem suas dimensões social e ambiental, fundamentais para a compreensão da totalidade de um circuito espacial produtivo, especialmente os intensivos em recursos naturais.