Apoio matricial em saúde mental: ferramenta para o cuidado integral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Garcia, Lívia Cristina Siqueira
Orientador(a): Melo, Lygia Maria de Figueiredo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27355
Resumo: A concepção de Apoio Matricial envolve estratégias de cogestão e de apoio para operar em redes e em sistema de saúde, incorporando a concepção ampliada do processo saúde/doença, o diálogo e a constituição relacional de equipes multiprofissionais para o enfretamento de problemas. No campo da saúde mental essa metodologia é considerada estratégica para garantir o princípio da integralidade das ações em saúde, pois visa estabelecer melhor articulação entre o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Atenção Básica (AB). No entanto, observam-se aspectos dessa relação desenvolvida pelo CAPS III leste de Natal, Rio Grande do Norte, relacionados à integração entre as equipes da atenção básica e apoiadores em instituir na dinâmica de trabalho as solicitações do apoio matricial para compartilhamento ou discussão de casos, que necessitam ser investigados. Entende-se que a construção dessa relação é tarefa complexa e processual que consideramos ser potencialmente relevante para o fortalecimento da política de saúde mental no município. Assim, esse estudo teve o objetivo de analisar o apoio matricial em saúde mental do ponto de vista de profissionais da Atenção Básica dos Distritos Sanitários leste e sul de Natal/RN e elaborar, de acordo com as lacunas identificadas, um produto técnico como sugestão para qualificar o Apoio Matricial, por meio do estabelecimento de tecnologias (abordagem, relação, intervenção, entre outras). Trata-se de um estudo cujo desenho é de natureza descritiva e exploratória, de abordagem qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram os profissionais médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e os agentes comunitários de saúde (ACS), totalizando 15 sujeitos, que atuam nas unidades básicas com o modelo da Estratégia Saúde da Família. A opção pela pesquisa nos distritos sanitários sul e leste se deu em virtude de ser o território de abrangência do CAPS III leste. Para coleta de dados foi utilizada entrevista com roteiro semiestruturado e para análise a técnica de análise de conteúdo temático. Para auxiliar no tratamento dos dados textuais foi utilizado o software ATLAS/ti. Os achados construídos a partir das transcrições das entrevistas revelaram três categorias de análise e subcategorias, a saber: 1) O que se diz e o que se entende, com suas respectivas subcategorias, que traz o entendimento dos sujeitos da pesquisa sobre o apoio matricial de saúde mental na atenção básica; 2) O que se tem e como se oferta e suas subcategorias abordando as características, organização e contribuições das ações do Apoio Matricial; 3) Limites e possibilidades: o que podemos?, revelando as dificuldades identificadas e os caminhos apontados pelos sujeitos da pesquisa sobre o Apoio Matricial em saúde mental na atenção básica. De maneira geral, as narrativas revelam concepções antagônicas em relação aos saberes e práticas do Apoio Matricial. Os resultados revelaram o Apoio Matricial sendo ofertado pelo CAPS e por residentes de psiquiatria do HUOL/UFRN, porém com limitações relacionadas a aspectos organizativos, relacionais e de fluxos para solicitação do Apoio, no contexto tanto das micropolíticas na produção e gestão do cuidado, quanto na macropolitíca. As sugestões apontam para aspectos que potencializem a continuidade das ações de Apoio Matricial, o trabalho interprofissional, o vínculo, e o exercício do Apoio baseado na concepção da clínica ampliada e não no modelo biomédico, verticalizado. Como produto técnico sugerimos a estratégia do Apoio Matricial Regulado como intervenção prática e viável, capaz de favorecer processos de comunicação a partir da solicitação e coordenação da AB, além de instituir fluxos, critérios de solicitação e gestão do cuidado. A partir desse estudo, espera-se contribuir reflexivamente sobre a necessidade de se incluir novas práticas menos fragmentadas, descontinuas e circunstanciais no cotidiano dos serviços e que garantam o cuidado em saúde mental de base comunitária, especialmente em Natal. E, dessa forma, contribuir com a metodologia do Apoio Matricial, por seu potencial caráter transformador das relações de trabalho entre equipes, como estratégia que amplia o trabalho em rede e que favorece o cuidado integral, contínuo e de qualidade para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).