Os ogros têm camadas (dialógicas): a corrosão carnavalesca dos elementos prototípicos dos contos de fadas tradicionais fílmicos em Shrek (2001)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Assis, Ana Carolina Lourenço de
Orientador(a): Alves, Maria da Penha Casado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55170
Resumo: Os contos de fadas sempre fizeram parte das tradições culturais de diversos povos. Por meio das contações orais, esses gêneros discursivos engendraram-se na formação de gerações, no que se refere aos costumes, às religiosidades e aos comportamentos. A partir de então, o irreal, o mágico e o irracional, categorias comuns nas representações arquetípicas dos contos de fadas, tornaram-se concepções recorrentes na criação de histórias, cujas fenomenologias proibidas, banidas ou rejeitadas pela sociedade passaram a ser consideradas possíveis no mundo maravilhoso. No âmbito da escrita, alguns nomes se destacaram produzindo ou coligindo coletâneas de contos de fadas para infantes, sendo eles os irmãos alemães Grimm (Branca de Neve e os sete anões); o francês Charles Perrault (A bela adormecida) e o dinamarquês Hans Christian Andersen (A Pequena Sereia). Já com o avanço tecnológico, esses mesmos contos ganharam novas versões por meio da imagem cinematográfica. A ascensão do cinema de animação, principalmente pelas indústrias Disney, contribuiu para que essas narrativas, que resistem há milênios, se firmassem com as características que possuem na atualidade. Contudo, no filme Shrek (2001), da DreamWorks tradução brasileira, somos apresentados a um conto de fadas de animação às avessas dessas histórias de cunho oral e cinematográfico, em que a problemática gira em torno da corrosão dos textos fílmicos que apresentam em seus enredos construções das estórias orais e, assim, consideradas como “tradicionais”. Na trama, somos levados a acompanhar a aventura do ogro Shrek em busca da Princesa Fiona, por quem ele se apaixona durante o caminho de retorno ao castelo. É nesse caminho, pois, que são revelados os dilemas existenciais, as problemáticas identitárias, assim como as interferências cronotópicas da estrada nos sujeitos. Assim, para corroborar esta discussão, utilizamos os preceitos basilares norteadores dos postulados do Círculo de Bakhtin, no que se refere aos gêneros discursivos (BAKHTIN, 2016), voltados aos contos de fadas fílmicos; à cosmovisão carnavalesca e à filosofia do riso (BAKHTIN, 2010, 2018), como princípios de subversão e de corrosão; e ao conceito de cronotopo (BAKHTIN, 2018). Além disso, a pesquisa está inserida na área mestiça, híbrida, INdisciplinar e radical da Linguística Aplicada (LA) e se fundamenta nas teorias filosóficas de Byung-Chul Han (2017a, 2017b, 2019, 2021), bem como no conceito de hipermodernidade de Lipovetsky (2004). No tocante à metodologia, a construção e obtenção dos dados se desenvolveu por uma perspectiva qualitativa-interpretativista, utilizando-se do paradigma indiciário de Ginzburg (1986) e do cotejamento dialógico, pensado inicialmente por Bakhtin (2017) e posteriormente elaborado por Manfrim (2017) e Sobral (2017). Acreditamos que nosso corpus apresenta uma concepção do herói, da princesa e do corpo grotesco cuja desconstrução das imagens idealizadas dos contos infantis apresentam, no heterodiscurso do filme, representações que diferem daqueles presentes nos contos de fadas.