Associação entre nutrientes da alimentação complementar, função da barreira intestinal e enteropatia ambiental em crianças da coorte brasileira do estudo MAL-ED

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Priscila Nunes
Orientador(a): Maciel, Bruna Leal Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28322
Resumo: A alimentação complementar fornece nutrientes e outras substâncias que influenciam a saúde intestinal. A enteropatia ambiental é uma disfunção intestinal crônica que ocorre no mesmo período que a alimentação complementar, em condições de baixo acesso à higiene e sanitização. Poucos estudos avaliaram se os nutrientes melhoram ou protegem contra a enteropatia embiental. O presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre a ingestão habitual de nutrientes da alimentação complementar, função da barreira intestinal e enteropatia ambiental em crianças menores de dois anos. Realizou-se um estudo longitudinal prospectivo, em Fortaleza-CE, com 233 crianças dos 9 aos 15 meses de idade. A ingestão dietética habitual da alimentação complementar foi estimada com base em recordatórios de 24 horas (R24h), aplicados mensalmente dos 9 aos 15 meses de idade. A ingestão habitual dos nutrientes foi ajustada pela variância intrapessoal e pela energia. A adequação nutricional da ingestão de energia, fibra e macronutrientes da dieta foi avaliada pela razão entre o valor ingerido e o recomendado. Para medir a adequação nutricional global de micronutrientes, utilizou-se o índice de adequação média (MAR), construído a partir das razões de adequação de nutrientes (NAR) calculadas para vitaminas (vitamina A, tiamina e folato) e minerais (ferro, zinco e cálcio). A avaliação da função da barreira intestinal foi realizada por meio do teste urinário lactulose/manitol (L:M). A inflamação intestinal foi avaliada pela análise das concentrações fecais de mieloperoxidase (MPO), neopterina (NEO) e alfa-1- antitripsina (AAT). Como indicativo de enteropatia ambiental (EE), calculou-se o EE escore, baseando-se na categorização das distribuições das concentrações dos biomarcadores fecais (MPO, NEO, AAT). Para investigar a associação entre a adequação nutricional e a razão L:M e o EE escore foram usadas regressões lineares múltiplas. As adequações nutricionais se mostraram de acordo com os valores recomendados para todos os nutrientes avaliados, com exceção para a adequação de fibra. Todos os biomarcadores apresentaram valores elevados, indicando um comprometimento da função da barreira intestinal e presença de inflamação intestinal entre as crianças avaliadas. Houve correlação negativa entre a adequação energética e L:M (ρ = -0,19; p < 0,05) e entre a adequação de folato e as concentrações de NEO (ρ = -0,21; p < 0,01). Foi observada uma correlação positiva entre a adequação de tiamina e a concentração de MPO (ρ = 0,22; p < 0,01) e entre a adequação de cálcio e a concentração de NEO (ρ = 0,23; p < 0,01). Os modelos de regressão demonstraram uma menor ingestão energética foi associada com uma maior razão L:M (β = -0.19, p = 0.02) e uma menor ingestão de fibra foi associada com maior inflamação intestinal (EE escore) (β = -0.20, p = 0.04). Em conclusão, as crianças avaliadas mostraram ingestão adequada para todos os nutrientes, exceto fibra, e apresentaram comprometimento na função da barreira e inflamação intestinais. A maior ingestão energética e de fibras da dieta esteve associada com uma melhor função da barreira intestinal e com menor inflamação intestinal, respectivamente.