Papel das células B e dos anticorpos na patogênese da hanseníase e das reações hansênicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Amorim, Francianne Medeiros
Orientador(a): Jerônimo, Selma Maria Bezerra
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23515
Resumo: A hanseníase é uma doença de evolução espectral causada pelo Mycobacterium leprae. Pacientes podem apresentar desde lesões únicas, com pequena carga bacilar (paucibacilares - PB) a lesões disseminadas e alta carga bacteriana (multibacilares - MB). Os primeiros apresentam uma forte resposta imune celular e os últimos uma resposta predominantemente humoral. O Brasil é o segundo país em número de casos, com áreas hiperendêmicas em diversos estados, incluindo o Rio Grande do Norte. A alta morbidade da doença está, em parte, relacionada a ocorrência de reações hansênicas: a reação reversa (RR) e o eritema nodoso hansênico (ENH). Essas ocorrem predominantemente em pacientes MB. Nosso objetivo foi determinar o papel de células B e de anticorpos na patogênese da hanseníase e das reações hansênicas. Para isto, o trabalho foi subdividido em dois estudos: 1. Determinação do perfil de anticorpos específicos utilizando os antígenos recombinantes LID-1 e LIDNDO ao longo do espectro clínico da hanseníase e em comunicantes; 2. Análise de alterações envolvidas na regulação da produção de anticorpos em células B de pessoas com diferentes formas clínicas. Neste último foram avaliadas: a frequência de diferentes subpopulações de células B, a expressão de CD32 e CD21 nestas células, subclasses de imunoglobulinas presentes no sangue, complexos imunes (IC) e proteínas envolvidas na via clássica de ativação do sistema complemento. No estudo 1, observou-se um aumento na quantidade de anticorpos específicos ao longo do espectro clínico da doença e este foi correlacionado com o índice baciloscópico. Além disso, foi verificado que mais de 82% dos comunicantes haviam sido expostos à infecção pelo M. leprae. Esse achado mostra que a quantificação de anticorpos específicos pode ser utilizada para estimar o risco para o desenvolvimento de hanseníase. No estudo 2, observou-se que a exacerbada resposta imune humoral de e pessoas com MB está associada a alterações numéricas e funcionais em células B, com aumento na frequência de plasmoblastos e reduzida expressão de CD32 nestes. Pessoas com hanseníase MB apresentaram maior concentração de IgG1 e imunocomplexos (IC) no sangue periférico quando comparados a PB. Pessoas com hanseníase MB que desenvolveram ENH (durante ou após a poliquimioterapia) já apresentavam, ao diagnóstico níveis mais elevados de IgM, IgG1, anticorpos específicos e IC quando comparados àqueles que não desenvolveram reação. Durante o ENH há uma expansão na população de plasmoblastos, contudo há diminuição na concentração destas imunoglobulinas no sangue. Indivíduos com níveis elevados de anticorpo anti-LID-NDO, ao diagnóstico, apresentaram um risco até 20 vezes maior de desenvolverem reação. Nossos resultados mostram que o uso de antígenos recombinantes em testes sorológicos pode contribuir para um diagnóstico mais rápido da doença, levando a diminuição da transmissão de M. leprae. Além disso, verificamos que a exacerbada resposta imune humoral de pacientes MB pode ser, em parte, explicada por alterações em células B. A quantificação de anticorpos anti-M. leprae e das subclasses IgM e IgG1 ao diagnóstico da hanseníase pode contribuir para identifcar indivíduos em risco de desenvolverem reação. Do ponto de vista clínico, esse é um dado importante pois pode direcionar intervenções terapêuticas futuras.