Impactos locais e globais sobre ambientes marinhos do Arquipélago de Fernando de Noronha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mello, Thayná Jeremias
Orientador(a): Longo, Guilherme Ortigara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55367
Resumo: Os recifes e demais ambientes marinhos enfrentam ameaças significativas devido a impactos humanos, incluindo poluição, turismo desordenado e mudanças climáticas globais. Dentre as estratégias de conservação desses ambientes, destacam-se as Unidades de Conservação (UCs). No Brasil, o arquipélago de Fernando de Noronha (FN) é protegido por duas UCs, uma delas de proteção integral (Parque Nacional – PN) e uma de uso sustentável (Área de Proteção Ambiental – APA). Entretanto, o local tem sofrido com impactos crescentes devido à expansão do turismo e ocupação da Ilha, e às mudanças climáticas. O objetivo geral desta tese foi avaliar múltiplos impactos locais e globais sobre ambientes marinhos de FN, e o papel das UCs do arquipélago na mitigação destes impactos. No Capítulo 1 investigamos a presença de lixo marinho nas praias de FN e sua distribuição relacionada a fatores oceanográficos e turismo. Encontramos maior abundância de plásticos em áreas desabitadas a barlavento, apesar de estarem dentro do PN com normas mais restritivas, enquanto na costa de sotavento, próxima a áreas urbanas e dentro de uma UC menos restritiva, havia mais plásticos descartáveis e bitucas de cigarro. No Capítulo 2 investigamos a dinâmica temporal do bentos de uma poça de maré e observamos que a anomalia de temperatura foi o principal fator que afetou a saúde dos corais e sua comunidade de endossimbiontes. Embora o soterramento sazonal tenha causado alta variabilidade temporal na cobertura bentônica, não afetou a saúde dos corais. A quantidade de turistas mergulhando no local também não influenciou a saúde dos corais, indicando que os impactos do turismo podem ser reduzidos quando adequadamente manejados. No Capítulo 3, mapeamos e quantificamos a poluição marinha em FN (nutrientes, metais, microplásticos, esteróis e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos - HPAs), caracterizando suas fontes e avaliando seus impactos nas comunidades recifais. Detectamos poluentes tanto na APA quanto no PN. Embora as concentrações de nutrientes na água do mar estivessem em conformidade com a legislação na maior parte das amostras, os efluentes das estações de tratamento de esgoto não atendiam os padrões legais. A assinatura isotópica de macroalgas indicou a presença de nitrogênio derivado de esgoto em toda a APA, sendo que áreas com enriquecimento de nutrientes apresentaram comunidades bentônicas distintas e com maior biomassa algal. A análise dos sedimentos revelou baixos níveis de HPAs e esteróis fecais, com exceção das amostras do Porto. Observamos concentrações de metais relativamente altas no sedimento em algumas estações amostrais, o que pode estar relacionado tanto a fontes antrópicas quanto à origem vulcânica do arquipélago. Microplásticos foram encontrados em todas as amostras de água e sedimentos, tanto na APA quanto no PN. Destacamos a necessidade urgente de melhorar a gestão do esgoto para proteger o ecossistema marinho em FN, promovendo sua resiliência em face das mudanças climáticas. Ressaltamos a vulnerabilidade do PN, na costa sotavento a poluentes gerados na APA e na costa barlavento a poluentes transportados pelas correntes a partir de fontes distantes. As informações geradas por este trabalho servirão como referência para iniciativas de monitoramento e para melhorar estratégias de gestão para a conservação de FN e de outras UCs.