Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Campelo, Janeide Maia |
Orientador(a): |
Barbosa, Marcio Venicio |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26624
|
Resumo: |
Os mitos gregos têm sido constantemente retomados na literatura moderna. Nomes como os de Ulisses, Orfeu e Electra têm figurado em obras que, mesmo ambientadas em contextos sócio-históricos diferentes daqueles nos quais esses mitos aparecem em sua forma clássica, interagem com eles para, a partir disso, criar novas narrativas, mais próximas das comunidades discursivas às quais os novos autores pertencem. A reescritura, por parte de cada autor, de uma personagem clássica, inserindo-a em novo contexto, propicia também um novo viés de análise para os estudos comparativos em literatura, pois possibilita uma reflexão que considera não só a narrativa mas também as características sociodiscursivas presentes nesses textos, que devem igualmente ser compreendidos como novos. Neste trabalho, a perspectiva é analisar o mito de Electra, desde sua aparição na trilogia Oresteia (458 a.C.), de Ésquilo até sua retomada brasileira na peça Senhora dos Afogados (2012), de Nelson Rodrigues. O objetivo deste estudo é mostrar como o dramaturgo brasileiro dialoga com o mito clássico e, ao fazê-lo, reconfigura toda a sua fábula. Assim, o dramaturgo brasileiro conta uma nova história, mais pertinente ao Rio de Janeiro dos anos 1950. Ocorre que, entre Ésquilo e Rodrigues, toda uma gama de autores estabeleceu diálogos com esse mito grego, apresentando, em cada época em que ele se reconfigura, diferenças fundamentais para que se entendam não só a reescritura ela mesma mas também uma série de elementos contextuais e cotextuais que testemunha a configuração genérica de cada obra, configuração esta que pode ser promovida pelo autor, pelo editor, pelo tradutor, em alguns casos, e até mesmo pelo leitor. Para mostrar essas relações, procura percorrer o caminho que leva de Ésquilo a Nelson Rodrigues, principalmente Eugene O’Neill (1970), autor com o qual Nelson Rodrigues interage explicitamente ao reescrever o mito grego para falar de sua época e de sua sociedade. Como fundamentos teóricos de análise, toma como base a Comparação diferencial e discursiva dos mitos gregos proposta por Ute Heidmann (2003, 2010, 2012), que compreende cada obra que retomou o mito clássico como uma resposta ao texto precedente, recusando assim a noção de influência que um texto pode manter em relação àqueles que o sucedem; e os estudos acerca da Análise do Discurso desenvolvidos por Dominique Maingueneau (2001, 2006). Como resultado, apresenta uma Senhora dos Afogados que reconfigura não só o mito clássico mas também o gênero tragédia, na medida em que o subverte, criando um novo gênero, situado social e historicamente: a tragédia rodriguiana. Rodrigues se apresenta como o único dos dramaturgos analisados nesta pesquisa que reconfigura o mito de Electra de maneira mais efetiva, ou mesmo radical, operando verdadeiras inversões. |