Causas e consequências da onivoria de peixes em ecossistemas aquáticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Dantas, Danyhelton Douglas Farias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21015
Resumo: A onívoria é uma estratégia alimentar comum entre os peixes tropicais, mas pouco se conhece sobre as possíveis causas e consequências deste padrão. Neste trabalho, levantamos a hipótese de que os peixes tropicais tendem a se alimentar mais baixo nas redes alimentares para compensar a maior demanda energética, a qual aumenta com a temperatura da água e o tamanho do corpo do animal. A análise dos dados de 8172 espécies de peixes marinhos e de água doce do mundo, de regiões tropicais e temperadas, demonstrou que a posição trófica dos peixes não carnívoros diminui com o aumento do tamanho do corpo em regiões tropicais, mas não em regiões temperadas. Este padrão sugere que a maior demanda energética dos peixes tropicais maiores deve ter exercido uma pressão seletiva para a evolução da onivoria. Como consequência, a dinâmica trófica dos ecossistemas aquáticos tropicais deve apresentar padrões distintos aos observados em ambientes temperados, com implicações importantes para o manejo da qualidade da água e a restauração de ecossistemas aquáticos eutrofizaos. Outra hipótese deste trabalho, é que os efeitos de peixes planctívoros onívoros sobre comunidades planctônicas tropicais dependem da composição estequiométrica dos produtores primários que por sua vez depende da disponibilidade relativa de luz e nutrientes. Um experimento de campo em mesocosmos manipulando a disponibilidade de luz e a presença de peixes planctívoros confirmou a hipótese de trabalho, sugerindo que a composição estequiometria e consequentemente a qualidade dos recursos alimentares determinam a estrutura trófica das redes alimentares pelágicas em lagos tropicais. Finalmente, outro experimento de campo em mesocosmos sugere que a remoção de peixes onívoros bentivoros deve ser mais eficaz do que a remoção de peixes onívoros planctívoros para a melhoria da qualidade da água de lagos e reservatórios tropicais. Este último experimento demonstrou que os peixes planctivoros onívoros aumentam a biomassa fitoplanctônica através do mecanismo de cascata trófica sem aumentar as concentrações de nutrientes na coluna d´água. Por outro lado, os peixes bentivoros onívoros, se alimentando de detritos e outros recursos bentônicos e excretando nutrientes na água, translocam nutrientes do sedimento para a coluna d´água, aumentando o aporte interno de fósforo e a biomassa fitoplanctônica através da sua interação com o sedimento. Portanto, o aporte interno de fósforo pode ser reduzido e a qualidade da água de lagos tropicais eutrofizados pode ser melhorada através da remoção de peixes bentívoros onívoros.