Características psicológicas do paciente obeso grave e suas implicações pós-operatórias na cirurgia bariátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Venzon, Clarissa Nesi
Orientador(a): Alchieri, João Carlos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20000
Resumo: A Obesidade é uma doença crônica de etiologia multifatorial que se caracteriza por excesso de gordura corpórea, cujo grau varia de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC=m2 /kg). A obesidade grave é caracterizada por IMC>40, frequentemente associada a alterações clínicas endócrino-metabólicas ou mecânicas e transtornos psicológicos; o quadro de Compulsão Alimentar Periódica (CAP) tem alta incidência nesta população. A cirurgia Bariátrica vem sendo o tratamento de escolha para a obesidade grave, por apresentar rápido emagrecimento e melhora nas condições clínicas. Têm-se verificado aumento de peso após dois anos de cirurgia em 20% a 30% dos casos. O objetivo geral desta pesquisa é avaliar características psicológicas e comportamentais entre obesos graves submetidos à Cirurgia Bariátrica do tipo Bypass Gástrico há pelo menos 24 meses. Foram investigados aspectos específicos como, (1) características do funcionamento personalidade e presença de transtornos clínicos e de personalidade; (2) a incidência de CAP e sua relação com perda de peso; (3) a diferença entre os grupos em relação aos acompanhamentos pós-cirúrgicos; atividade física, acompanhamento psicológico e nutricional. Método: 40 adultos (homens e mulheres), com idades entre 23 a 60 anos, submetidos à cirurgia bariátrica há pelo menos 24 meses, na cidade de Natal-RN, foram divididos em dois grupos com n= 20, Grupo de Ganho, com perda < 50% do peso excedente inicial, e o Grupo de Perda, com perda >50%. O protocolo de pesquisa foi composto por questionário biossociodemográfico, o método de Rorschach – Sistema Compreensivo (SC); Inventário de Personalidade de Millon (MCMI-III); e Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP). Através do método de Rorschach foram evidenciadas diferenças significativas entre os dois grupos, relacionadas aos tipos vivenciais (EB), maior presença de EB Extratensivo no Grupo Ganho e Intratensivo no Grupo de Perda; e ao descontrole na expressão dos afetos, com elevação de respostas de Cor Pura no Grupo Ganho. Em relação à população normativa do SC, a amostra como um todo apresentou maior tendência a experienciar sofrimento psíquico, auto percepção denegrida, autocrítica excessiva, distorções perceptivas, vulnerabilidade a desenvolver transtornos afetivos e elevação da pontuação na Constelação de Suicídio. O MCMI-III indicou maior incidência de transtornos clínicos e de personalidade no Grupo Ganho: Transtorno Depressivo e Esquizotípico, Ansiedade, Distimia, Depressão Maior; Transtorno do Pensamento, Bipolar- Maníaco e Transtornos de Estresse Pós-Traumático. Os resultados da ECAP indicaram diferença significativa, com elevação de CAP no Grupo de Ganho como também, entre a gravidade de CAP e presença de transtornos clínicos e de personalidade. Em relação aos acompanhamentos foi encontrada diferença significativa no quesito atividade física com mediana elevada no Grupo de Perda. Os grupos ainda se diferenciaram em relação ao peso inicial e tempo póscirúrgico, indicando que quanto maior o peso inicial e tempo percorrido maior o aumento de peso pós-cirúrgico. Os resultados ainda revelam que os participantes com mais de 3 anos de tempo cirurgia, apresentam elevação na presença de Transtornos Clínicos de Transtorno Depressivo Maior; Transtorno Somatoforme; Distimia. Tais resultados corroboram conclusões de estudos sobre a relação entre CAP pós-cirúrgico e novo ganho de peso, como também acerca de maior incidência de transtornos clínicos na população obesa grave. Conclui-se que o processo cirúrgico é apenas uma faceta do tratamento da obesidade grave, e que o acompanhamento pós-cirúrgico deve receber maior atenção e ocorrer em longo prazo para a manutenção não só dos resultados cirúrgicos, como da melhoria da qualidade de vida dos pacientes.