Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Santos, Raquel Alves |
Orientador(a): |
Falcão, Jorge Tarcísio da Rocha |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/50055
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Resumo: |
O presente estudo teve como objetivo analisar e problematizar os processos de desenvolvimento, precarização e mobilização das competências na atividade do docente/gestor na gestão pública universitária. Os operadores teóricos foram propostos a partir da integração entre referenciais da psicologia do trabalho e da psicologia histórico-cultural preconizados pela Clínica da Atividade e ancorados no debate sobre competências humanas, a partir de abordagem francófona. Tendo esse objetivo como porto de partida, foi possível recuperar e contribuir para o adensamento do debate teórico a respeito da noção de competência no contexto da psicologia do trabalho, partindo-se de uma visão individualista à perspectiva histórico-cultural, em que o desafio, num panorama de precarização social que o modelo da competência se propõe a enfrentar, foi o de ultrapassar a “lógica do posto de trabalho”. Do ponto de vista do método, realizamos três estudos com foco na análise das intervenções realizadas pela UFRN para a implementação da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas da Administração Pública Federal e na análise da atividade do docente/gestor a partir de entrevistas (semiestruturadas e de instrução ao sósia), aplicação de questionário e observação participante. Para tanto, delimitamos as atividades dos chefes de departamento como função de gestão definida para participar da pesquisa e utilizamos a coanálise da atividade para interpretar os dados encontrados. Para isso, adotamos a pesquisa intervenção com 26 chefes de departamento da UFRN e 25 da Universidade Nacional de Córdoba (UNC)-Argentina, durante o período do doutorado sanduíche realizado neste país. Os resultados do primeiro estudo apontaram que: 1) os elementos que formam a atividade de gestão estão inscritos na tradição do ofício profissional (métier) docente, caracterizados pela ação do docente estando gestor; 2) a existência de uma falsa tríade (ensino-pesquisa-extensão), embasando o trabalho docente no contexto universitário brasileiro, mesmo que a atividade de gestão esteja caracterizada como uma das dimensões do trabalho docente, estabelecendo, então, uma “tétrade” (ensino-pesquisaextensão-gestão); 3) a relação entre o prescrito e o real estabeleceu, no gênero profissional, a força exercida pelas atividades pertencentes à docência, porém com a especificidade de estar afiliado às atividades de gestão, caracterizadas por “obrigações” compartilhadas pelos/as chefes de departamento, regularmente, mesmo diante dos obstáculos e da organização prescrita do trabalho. e 4) o triplo papel e a configuração de multiatividade na tétrade do trabalho do/a chefede departamento. No segundo estudo buscou-se avaliar a interrelação existente entre a dimensão da atividade, interlocuções com o gênero profissional e saúde e trabalho. Este estudo permitiu compreender que a atividade de gestão se mostra como um artefato ou um dispositivo de mobilização subjetiva de afirmação da saúde/mal estar no trabalho, aqui compreendida como vinculada não somente a um projeto solitário de gestão, mas a uma ação concatenada, compartilhada, inscrita dentro de um mesmo gênero profissional de docentes e presentificada nesse modo de gerenciar tão peculiar. Por fim, no terceiro estudo, emergiu uma dialética entre a atividade e o ofício, demonstrada a partir da percepção de que as atividades dialógicas produzidas na instrução ao sósia retratavam ações familiares no exercício da função de chefia, contudo destituídas de uma referência a um coletivo de trabalho que funcionasse na atividade de gestão. Estamos nos referindo a uma provável fragilidade do gênero profissional, uma vez que isso implica a constituição das possibilidades de ação, implica um espaço comum, para além das estratégias individualizadas. Nesse sentido, esta dificuldade para construir ou manter um gênero profissional conduz a um empobrecimento do trabalho e ao sofrimento psicológico, situações que podem levar a ineficácia no trabalho e a sua precarização. |