Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Cardoso, Cícera Romana |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/25623
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Resumo: |
A desistência é uma realidade preocupante na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil, sobretudo porque essa modalidade de ensino é a via de acesso à educação formal para pessoas que tiveram de interromper suas trajetórias escolares ao longo da vida. Em estudo anterior com a população da EJA (CARDOSO, 2007), foram identificadas, dentre outras dificuldades para a permanência nessa modalidade de ensino, limitações para aprender os conteúdos ministrados, impossibilidade de conciliar o trabalho e o estudo e, principalmente, vergonha por não saber ler e escrever. Esses resultados permitiram formular a hipótese de que, entre as razões da desistência dos cursos da EJA, haveria obstáculos que seriam, por um lado, consequência das condições materiais de vida e, por outro, da ordem do simbólico. Assim, buscou-se, nesta pesquisa, conhecer quais os obstáculos materiais e simbólicos que provocam a desistência de estudantes do Ensino Médio do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja/Setec/MEC), no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Do ponto de vista teórico, buscou-se apoio na Teoria das Representações Sociais, de Serge Moscovici, e na Praxiologia Social, de Pierre Bourdieu. A primeira teoria permitiu conhecer as representações sociais que a população investigada compartilhava em relação à educação e ao IFRN, elementos simbólicos que orientaram o seu retorno à vida escolar. A segunda teoria subsidiou os conceitos de efeitos de lugar e violência simbólica, que permitiram pôr em evidência as condições materiais de vida que dificultavam a permanência dessa população na escola e as consequências da violência simbólica exercida pela escola que a leva a desistir. O lócus de observação foi o campus do IFRN situado na zona norte de Natal, único a oferecer, à época de realização da pesquisa, o Proeja. O instrumento principal da coleta dos dados foi a entrevista semiestruturada, realizada com estudantes “desistentes” (que interromperam os estudos), professores que ensinavam no Proeja e gestores do IFRN. O universo da pesquisa compôs-se, assim, de treze estudantes “desistentes”, quatro professores e cinco gestores. O método de análise das entrevistas foi a análise categorial de conteúdo (BAUER, 2002; BARDIN, 2000; FRANCO, 2012). Dados de natureza quantitativa foram coletados visando fazer a caracterização da população e complementar as observações diretas feitas durante o trabalho de campo. Os resultados indicam que a desistência não se resume, como divulgam os dados do IFRN, ao fenômeno da evasão ou ao simples abandono do curso. A tomada da decisão que leva à desistência envolve um processo longo, tenso e sofrido, que revela como as condições materiais de vida se confundem com os processos psicossociais que estão na base do sofrimento simbólico experimentado pela população investigada, decorrência dos efeitos de lugar e da violência simbólica produzida de maneira não de todo consciente pelos agentes mediadores institucionais, porquanto atuam como reprodutores da cultura escolar legítima, que classifica de modo inferiorizado a população que busca acolher. |