O materialismo transcendental e a coisa em si em ŽiŽek

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Leonardo Domingos Braga da
Orientador(a): Sousa Filho, Alípio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49971
Resumo: A presente pesquisa investiga o significado do materialismo transcendental proposto por Slavoj Zizek, observando a influência da questão do transcendental posta por Immanuel Kant, bem como as controvérsias acerca da coisa em si e a influência de Jaques Lacan na compreensão de um objeto virtual (pequeno a) e da pulsão de morte, que faz as vezes da coisa em si. Elucidamos o cerne do emaranhado de conexões conceituais que faz parte da filosofia zizekiana e observamos a sua tentativa de construir uma ontologia e metafísica capazes de escaparem às armadilhas do relativismo e do realismo. Mostramos que dar continuidade ao legado kantiano de pensamento força uma filosofia consequente a adotar um tipo de ceticismo em relação ao que está além das aparências, o que Zizek só pôde evitar ao modificar radicalmente o significado da própria coisa em si, trivializando a pergunta pelo que se encontra “além das aparências”. Observamos que o mundo, assim, é contido em seu aparecer sem que a pergunta pelo que aparece seja feita e aquilo que não é representação e pode, por isso, tomar o lugar da coisa em si é entendido como o objeto a causa do desejo, ou, noutros termos, a pulsão que, com sua negatividade, força o movimento dos elementos divididos (em objeto e sujeito); e, além disso, precede e cria a própria divisão. Todavia, nesta pesquisa, tal negatividade da pulsão só pôde ser encontrada propriamente no sujeito, restando ao objeto a negatividade da nãoidentidade. Desse modo, concluímos que um materialismo transcendental que se propõe a tomar a pulsão como matéria, como coisa em si, se mostrou insuficiente para a superação do ceticismo e relativismo, por abandonar a própria coisa em si como algo que existe independentemente do sujeito. A solução encontrada, e em acordo com o pensamento de Zizek, é considerar ambos momentos (materialismo que assume o primado da coisa em si e transcendentalismo que assume o primado da imaginação transcendental) como pontos de perspectiva irredutíveis e sem um terceiro termo de síntese, de modo que é preciso passar de uma perspectiva a outra e se manter no entre para enxergar a verdade paraláctica do materialismo transcendental.