Ensino da escrita: análise crítica da imposição de um arbitrário cultural tornado suposto consenso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Guimarães, Geová Bezerra
Orientador(a): Campos, Sulemi Fabiano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49550
Resumo: Esta tese estuda produções textuais de alunos da última etapa do ensino fundamental em condição de concurso com o objetivo de analisar a relação entre o discurso sobre o ensino da escrita, entendido como o conjunto de metodologias didáticas previstas em documentos oficiais, e a constituição em sujeito do aluno-concorrente, concebido como efeito ideológico produzido pela inserção histórica deste em uma tradição didática. A partir da Análise de Discurso introduzida por Pêcheux (2014; 2015) e ampliada por Courtine (2014) e das discussões sobre educação, ensino e produção de texto propostas por Larossa (2004), Comenius (2001), Bourdieu e Passeron (1992), Apple (1979; 2001), Geraldi (1984; 1991), Gnerre (1992), Fabiano-Campos (2011) e Fairchild (2012), problematiza-se o ensino da escrita que toma os gêneros textuais/discursivos como objetos de ensino, uma vez que há indícios de que essa prática contemporânea nutre e se nutre de discursos que, reproduzindo concepções antigas, tornaram-se suposto consenso. Isso possibilitaria, frente às diretrizes pedagógicas oficiais, a emergência da generização, um didatismo que é igualmente atualidade (acontecimento discursivo) e sempre já dito (memória discursiva). A leitura de enunciados (PÊCHEUX, 2016) e de formulações, associando forma sintática e conteúdo léxico-semântico (COURTINE, 2014), cotejados de 43 (quarenta e três) redações escritas possibilita-nos interpretar, a partir da análise dos modos de escrita dos sujeitos-concorrentes, o funcionamento da formação discursiva neoliberal materializada em documentos oficiais. A análise dos textos permite que se identifique uma tendência de incorporação do controle técnico sobre o dizer do sujeitoconcorrente, marcada pela sistematicidade e pela reintrodução, sob o rótulo da generização, de rituais de reprodução, um amálgama que contrasta com o dialogismo bakhtiniano. Em relação à constituição do sujeito, notam-se movimentos que indiciam certa aderência a temas do discurso neoliberal ao mesmo tempo em que há ocorrências de oscilações contrastivas que se aproximam de procedimentos de diferenciação, apontando uma tentativa de trabalho do sujeito concorrente.