Resumo: |
A espécie Vouacapoua americana Aublet (acapu ou acapuzeiro), apresenta grande importância madeireira e, ecologicamente se destaca na composição das florestas onde ocorre. Na Amazônia brasileira, a espécie está sendo muito explorada sem levar em consideração o conhecimento de suas variáveis ecológicas, estruturais, dinâmicas, silviculturais, de uso, economia, entre outras. O objetivo deste estudo foi contribuir para o estabelecimento do manejo sustentável de V. americana. As populações estudadas encontram-se distribuídas na zona de ocorrência da espécie na Amazônia Oriental. Os dados dendrométricos, dendrológicos e de localização das árvores foram obtidos de Inventários Florestais Pré-Colheita (IFPC) e Inventários Florestais Contínuos (IFC). De cada sítio de estudo foram obtidas as informações da estrutura diamétrica, basal, volumétrica e hipsométrica da espécie. Para a avaliação do padrão de distribuição espacial foi utilizada a função K(h) de Ripley. Para identificar o grupo ecológico da espécie acapu, considerou-se dois grupos: espécies pioneiras e não pioneiras ou tardias. Para a dinâmica foram considerados três estágios: regeneração (muda a vareta, altura total ≤ 30 cm até DAP<2,5 cm), estrato arvoreta (vara a arvoreta, 2,5 cm ≤ DAP < 10 cm) e estrato arbóreo (DAP≥10 cm), sendo calculadas as taxa de Regeneração Natural (TR%), Ingresso (I%) e Mortalidade (M%). A partir das características estruturais e de dinâmica, definiu-se as diretrizes para o manejo sustentável de V. americana. Foram registrados 36.609 árvores com diâmetro variando entre 10 cm e 127,32 cm. A densidade entre 6,31 árv.ha-1 e 25,55 árv.ha-1. A distribuição diamétrica, mostrou-se decrescente das menores para as maiores classes de diâmetro e quando ajustada apresentou curva de distribuição, assemelhando-se a um “J-reverso”, num comportamento relatado em outros estudos com a espécie e em florestas primárias sem pertubação antrópica, indicando esse tipo de distribuição diamétrica como característica estrutural da espécie. A área basal variou entre 0,5063m²/ha e 3,4521m²/ha, essa variação foi influenciada, principalmente, pela densidade da espécie do que pelos DAP apresentados. A altura comercial variou de 2,00 m a 25,00 m, predominando alturas medianas de 10 a 16m, valores semelhantes a esses observados em outros estudos com a espécie. O volume variou de 1,664 m³/ha a 32,169m³/ha, as maiores concentrações foram observadas nas classes diamétricas entre 40 a 80cm. V. americana foi caracterizada no grupo sucessional das espécies tolerantes, tendo como arranjo espacial das árvores o padrão agregado ou agrupado, sendo este influenciado pela síndrome de dispersão da espécie. A dinâmica nos níveis de mudas, varas e arvoretas, apresentou variação das taxas de ingresso e mortalidade, e na população arbórea o número de árvores não variou muito entre as mensurações, indicando adaptação da espécie às condições de sombreamento na floresta. A população arbórea apresentou um crescimento diamétrico variando de 0,22 a 0,29cm/ano, sendo considerado baixo, porém, em conformidade com outros estudos para a espécie. As características de estrutura, dinâmica, ecologia, fenologia e uso de V. americana proporcionaram a definição de diretrizes para o manejo sustentável da espécie: inventário florestal pré-exploratório deve ser realizado para todas as árvores com no mínimo o DAP ≥ 30cm; o período de exploração do produto madeira deve ser os meses do verão amazônico na região de ocorrência da espécie, antes das fenofase de floração, frutificação e disseminação de sementes; o diâmetro mínimo de corte (DMC) 40,00cm e o diâmetro máximo de corte (DMxC) até 80,00cm; intensidade de exploração deve ser baseada na distribuição diamétrica ajustada e a distribuição diamétrica observada; o ciclo de corte deve ser definido pela razão entre o intervalo de classe da distribuição diamétrica e o seu crescimento em diâmetro; a seleção de árvores a explorar devem estar contidas nas classes diamétricas do intervalo de exploração, entre o DMC e DMxC, e a densidade dessa seleção não deve exceder a intensidade de exploração; e os tratamentos silviculturais devem ser baseados em estudos de dinâmica da população da espécie. |
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