Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Rocha, Mariane Pereira |
Orientador(a): |
Martins, Aulus Mandagará |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras
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Departamento: |
Centro de Letras e Comunicação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4481
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Resumo: |
A presente pesquisa discute os usos do dispositivo fotográfico na poesia de Carlos Drummond de Andrade, visto que frequentemente encontramos nessa lírica um eu lírico leitor de fotografias, que a partir da observação de um retrato ou ainda de um álbum de fotografias, tenta elaborar o passado, organizar suas memórias e reconstituir suas lembranças. A fotografia, dessa maneira, aparece na lírica drummondiana não somente como uma temática recorrente, mas também como um modo de observação de mundo que perpassa mesmo os poemas que não discorrem sobre fotografias. Nesse sentido, estabelecemos como objetivos dessa pesquisa verificar como a fotografia opera na preservação de uma memória que, em Drummond, se apresenta incerta e frágil, bem como discutir de que forma a noção da impossibilidade de apreensão da totalidade do passado através da memória afeta a constituição da lírica drummondiana. Para isso, baseamos nossa discussão teórica principalmente em Susan Sontag (2004), Walter Benjamin (2017), Georges Didi-Huberman (1998), Giorgio Agamben (2007) e Joan Fontcuberta (2010). Delimitamos nosso corpus com base nas obras publicadas em tendência apontada por Alcides Villaça (2006) cujo desenvolvimento da temática da memória vai se dar de forma mais reflexiva e o poeta problematiza os movimentos dialéticos entre lembrar e esquecer. Assim, dentro desse recorte, selecionamos poemas das seguintes obras: Alguma poesia (1930), Brejo das almas (1934), Sentimento do mundo (1940), José (1942), A rosa do povo (1945), Novos poemas (1948), e Lição de coisas (1962). Foram analisados poemas em que foram encontradas referências a fotografias, retratos, imagens e demais referentes visuais, atentando ainda para aqueles que apresentavam características da linguagem visual manifestadas na linguagem poética. As análises confirmam nossa hipótese de que há uma relação entre a consciência da incapacidade de se apreender o passado através do dispositivo fotográfico e a característica gauche da poesia drummondiana, visto que a variação dos modos de interpretação dos usos do dispositivo fotográfico é permeado por ambivalências e contradições, fato que reitera o desajuste da personalidade drummondiana, já que ao mesmo tempo em que o eu lírico se utiliza das fotografias e da linguagem fotográfica para construção de sua própria poética, mostrando até mesmo a função social que elas podem exercer, insiste em problematizar suas falhas e limites. Ao pôr em evidência as fissuras do dispositivo fotográfico, todos os poemas analisados enfatizam ainda determinada melancolia e pessimismo, características mais uma vez associadas a um sujeito à esquerda dos acontecimentos. |