“[...] eu quebrei a pau, chutei, arroxei os dois olhos, eu gostava tanto dela, não era pra ter feito aquilo comigo”: narrativas de réus julgados por violência doméstica na comarca de Pelotas-RS (2011-2018)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Chaves, Elisiane Medeiros
Orientador(a): Gill, Lorena Almeida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4337
Resumo: A presente dissertação versa sobre a violência contra a mulher, fenômeno que se tornou um problema social, de expressão mundial, que aconteceu em todos os períodos históricos e ainda se mantém. Seu combate é uma questão complexa e desafiadora, pois essa forma de violência está arraigada nas mentalidades masculinas e, inclusive, nas femininas, há muitos séculos, tendo em vista que já foi aceita socialmente. Até décadas atrás as mulheres deviam ficar no interior da casa, ser mães, cuidar da família e eram excluídas das decisões políticas. As relações de gênero que definiram essa maneira de viver relegada ao feminino, foram construídas por discursos sociais nos quais preponderava a hegemonia da dominação masculina, de forma que, intencionalmente, estabeleceram os papeis para ambas as categorias sociais, privilegiando os homens, inclusive nas legislações. A naturalização e a reprodução desses comportamentos influenciaram, sobremaneira, na existência de atos violentos voltados para o feminino. Com o passar do tempo, muitas são as diferenças que aconteceram na vida das mulheres. Atualmente ampliaram suas esferas de atuação, tendo acesso à educação formal e ao mercado de trabalho. Porém, a violência contra elas parece não ter um fim, tendo em vista que comportamentos culturais machistas foram perpetuados e chegaram até os dias de hoje, e são responsáveis por muitas agressões e mortes de mulheres. Mecanismos legais e institucionais foram criados pelo poder público para protegê-las, mas eles não têm sido suficientes para conter o fenômeno. Através da metodologia da História oral temática entrevistei 18 indivíduos que eram réus em ações penais que tramitaram no Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na comarca de Pelotas, o qual é justamente o cenário da minha pesquisa. Também utilizei a metodologia da Análise documental para coletar dados dos processos judiciais de cada um dos réus que participaram voluntariamente do estudo. Tendo como fontes as entrevistas e a documentação jurídica, procurei observar as condutas violentas dos réus e conhecer suas versões sobre as mesmas. O marco temporal tem por base a História do Tempo Presente em vista de que a pesquisadora e os réus se encontram neste mesmo período histórico e também porque os documentos analisados são recentes.