A poesia das Makumbas de Edimilson Pereira: riscos e cruzos, axé e zamani

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gomes, Jeean Karlos Souza
Orientador(a): Kunrath, Milena Hoffmann
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Exu
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/12923
Resumo: A leitura da poesia de makumba demanda o acesso à sabedoria da ancestralidade e às epistemologias africanas e afro-brasileiras. Nesse sentido, este trabalho se propôs a estudar aquelas epistemologias diante da poesia de Edimilson de Almeida Pereira. Sobre essas novas epistemes, foi constatado o seu epistemicídio, de acordo com as considerações de Freitas (2016). O corpus da pesquisa foi delimitado nas seguintes obras: A roda do mundo (2004), Poesia + (antologia 1985-2019) (2019), Livro de falas (2008) e Poemas para ler com palmas (2017). O livro também de sua autoria Blue note: entrevista imaginada (2013) foi consultado, no entanto não se trata de uma obra poética e sim de um compilado de entrevistas reunidas, em que o autor expõe parte de seu processo criativo e sua trajetória como escritor. Pereira se insere nos poetas contemporâneos, logo o fulcro teórico partiu de Marcos Siscar (2010; 2017). A partir das considerações e indagações de Siscar, os poemas analisados foram contextualizados. O autor aponta o discurso da crise e como impacta na poesia atualmente. É encontro entre o contemporâneo e o ancestral. Assim, o inaudito e o inexperienciável estão inseridos na poesia de Edimilson, portanto nada é explícito. O inaudito é Exu, ele questiona o etnocentrismo, o falocentrismo e o logocentrismo abalando, por conseguinte, a estrutura centrada do conhecimento, visão proposta por Derrida (2017). Nessa perspectiva, o mito passou a ser cerne epistemológico. O inexperienciável partiu das considerações de Benjamin (2019), Ribeiro (2019) e Agamben (2005). Para compreender Exu, fez-se necessário abordar aspectos das cosmovisões banto e yorubá. Nessas visões de mundo, as concepções de palavra, tempo/ espaço, pessoa, céu e terra recebem outros significados que destoam da visão ocidental. Aqui inclui-se o tempo, pessoa, universo, o axé e a Força Vital. As investigações desses elementos foram embasadas nos autores Luz (1995), Oliveira (2003; 2007), Prandi (2001) e Ribeiro (1996). O que aqueles elementos apontaram diante da poesia de Pereira foram cruzos e encruzilhada. Nesse ponto, os estudos de Simas e Rufino (2018; 2019) e Haddock-Lobo (2020) formaram essa base teórica. Na encruzilhada, Exu transforma-se e, constantemente, o devir é parte de si. Os estudos de Deleuze e Gattarri (2012) sobre devir foram o fulcro teórico para essa característica. Exu não se encaixa em nenhum binarismo, ele é polilógico e polifônico (SOARES, 2008); em termos derridianos, é o dentro/ fora ao mesmo tempo, portanto, ele articula a fala com a escritura. Destarte, a encruzilhada que se forma é de sentidos, leituras, caminhos e possibilidades.