Memória, resistência e fabulação: uma análise da Ceilândia de Adirley Queirós.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ribeiro, Carlos Eduardo da Silva
Orientador(a): Balieiro, Fernando de Figueiredo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5310
Resumo: O presente trabalho se propõe a uma análise da obra do cineasta Adirley Queirós, com especial ênfase para Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós, 2014). Seus filmes, realizados na Ceilândia – esta a primeira e maior cidade-satélite no entorno de Brasília – põe em primeiro plano as experiências de grupos da locais. Recorremos à Caravana Farkas – conjunto de documentários brasileiros da década de 1960 – e ao fenômeno mais recente da “cosmética da fome” conforme Ivana Bentes (2007) a fim de compreender por diferenciação a especificidade do olhar propiciado pela obra de Queirós acerca dos grupos populares e periféricos dentre o cinema brasileiro. A Ceilândia, representada como “população negra e marginalizada” – parafraseando a personagem de Gleide Firmino em Branco Sai, Preto Fica –, é constituída narrativamente em uma relação de diferença a uma norma, Brasília. O nosso objetivo é, a partir de uma perspectiva sociológica pós-colonial e interseccional, compreender como são articuladas as diferenças nesse cinema, considerando as dimensões de raça, classe, localidade, dentre outras salientadas pelas narrativas. Em Branco Sai, Preto Fica, o ponto de partida documental é uma denúncia de violência policial em um baile de música negra na Ceilândia na década de 1980. Os sujeitos denunciantes, deficientes físicos em decorrência da ação da polícia na ocasião, têm suas vivências atreladas também à segregação social e racial que marcam a história da cidade-satélite. De maneira a borrar as fronteiras entre os regimes de “ficção” e “documentário” e superar uma circunstância existencial subalterna (GRAMSCI, 1977; GÓES, 2016) em que poderiam ser enquadrados, encarnam personagens em um universo de ficçãocientífica, explodindo na cena final a cidade de Brasília através de uma bomba com sons, músicas e vozes da periferia. Os letreiros que encerram o longa-metragem – “da nossa memória fabulamos nóis mesmos” – enfatizam as formas de subjetivação e agência dos sujeitos representados, convidando-nos, na análise, a atentar para como articulam e vivenciam as intersecções entre diferenças e desigualdades.