Fungo endofítico isolado de Achyrocline satureioides: identificação molecular, caracterização química e investigação do efeito antitumoral de metabólitos bioativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pedra, Nathalia Stark
Orientador(a): Spanevello, Roselia Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Bioprospecção
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/10819
Resumo: O câncer é a principal causa de morte prematura na maioria dos países. A urgência por alternativas terapêuticas tem encorajado a busca por novos agentes anticâncer a partir de produtos naturais. Evidências sugerem que plantas medicinais são colonizadas por fungos endofíticos, os quais consistem em uma importante fonte de estruturas químicas únicas geradas pelas relações coevolutivas com a planta hospedeira. Conhecida como ‘marcela’, a Achyrocline satureioides é uma planta medicinal cujos efeitos antitumorais do extrato vegetal têm sido atribuídos à presença de polifenóis. Recentemente, descrevemos o isolamento e o efeito antiglioma de um fungo endofítico de A. satureioides. Assim, este estudo teve como objetivo principal elucidar a taxonomia do fungo isolado, caracterizar os metabólitos presentes na fração purificada (FDCM) e avaliar o seu efeito antimelanoma e antiglioma. Diante das propriedades antitumorais de polifenóis associados à A. satureioides, este estudo também investigou o impacto antiglioma do ácido gálico (AG) comercial através de testes in vitro e in vivo. Através da análise molecular da região ITS, o fungo endofítico foi identificado como Biscogniauxia sp. (Xylariaceae). A caracterização química de FDCM por cromatografia líquida de ultra-eficiência acoplada ao espectrômetro de massas, demonstrou pela primeira vez a capacidade deste fungo em produzir compostos da classe das isocumarinas, terpenoides, e outros derivados de policetídeos. Sendo este, o primeiro estudo a relatar a biossíntese da lactona Sch-642305 pela família Xylariaceae. De acordo com as análises citotóxicas, o FDCM (1 a 20 µg/mL) reduziu a proliferação das células de melanoma humano (A375) e glioma de rato (C6), induzindo morte e alterações no ciclo celular após 72 h de tratamento. Para compreender a atividade antiglioma no microambiente tumoral, astrócitos corticais de ratos neonatos e células C6 foram cocultivadas e expostas ao FDCM por 72 h. Assim como na C6, em condições de cocultivo o FDCM também reduziu a atividade metabólica, regulou o catabolismo de nucleotídeos extracelulares de adenina e reduziu o estresse oxidativo. Além disso, o FDCM reduziu a resposta inflamatória nos modelos de glioma, além de modular a expressão de genes envolvidos na progressão tumoral como ERK, COX-2, Casp-1 e IL-1β. Nenhuma alteração foi observada em astrócitos saudáveis. Já o AG (50 a 400 µM) reduziu o crescimento celular de C6 após 48 h, modulando a resposta purinérgica e oxidativa. Por fim, a administração intragástrica de AG (50 e 100 mg/kg/dia) por 15 dias reduziu o volume tumoral, regulou a sinalização purinérgica e preveniu os danos oxidativos no cérebro, soro, plaquetas e/ou linfócitos de ratos submetidos à injeção intracerebroventricular de C6. Nossos dados destacam o elevado potencial dos produtos naturais na modulação de vias relacionadas à progressão neoplásica, ressaltando a importância dos fungos endofíticos como exímios produtores de compostos de interesse farmacológico.