"Inclusão é uma utopia": possibilidades e limites para a inclusão nos anos finais do ensino fundamental – intervenção e interpretação a partir da Teoria Histórico-Cultural da Atividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Cenci, Adriane
Orientador(a): Damiani, Magda Floriana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/2955
Resumo: A pesquisa, orientada pela Teoria Histórico-Cultural da Atividade, voltou-se à temática da inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular. Em consonância com o referencial teórico, estabeleceu-se como objeto da pesquisa, ou seja, como o motivo da atividade para o qual estiveram orientadas as ações da pesquisadora, a inclusão de alunos com deficiência no 6º ano do ensino fundamental focada na aprendizagem dos alunos e não apenas na sua presença na escola. Visou-se, igualmente, investigar a compreensão que os professores tinham acerca da inclusão e buscar um entendimento ampliado, acerca do tema, que pudesse orientar a produção, pelo próprio grupo, de novas formas de organização do ensino para promover essa aprendizagem (aprendizagem expansiva). A fundamentação teórica centrou-se nos escritos de Vygotsky (1991, 1993, 1997), Leontiev (1978, 1983, 1991) e Engeström (1987, 2002, 2011). A pesquisa constitui-se como uma intervenção, na qual há planejamento e implementação de interferências (mudanças, inovações) – destinadas a produzir avanços, nos processos de aprendizagem dos sujeitos que delas participam – e posterior avaliação dos efeitos dessas interferências (DAMIANI et al, 2013). A intervenção foi realizada em dez sessões das quais participaram professores dos anos finais do ensino fundamental, que trabalhavam com alunos incluídos, pela primeira vez. O design da intervenção foi inspirado no Laboratório de Mudança (ENGESTRÖM, 2007; VIRKKUNEN, NEWNHAM, 2015). Os dados, coletados por meio de gravações das sessões, foram abordados pela perspectiva das ações – ao analisar as ações de aprendizagem expansiva – e pela perspectiva da atividade – ao analisar as transformações da compreensão da inclusão ao longo da intervenção. Três aprendizagens potencialmente expansivas emergiram, como tentativas de soluções coletivas para as dificuldades desencadeadas pela inclusão: um protocolo de organização da inclusão na escola, uma agenda para comunicação com a família dos alunos e a articulação entre sala de recursos e sala regular. Nenhuma foi consolidada, principalmente, porque não houve engajamento para a mudança por parte dos professores participantes (agency). Na análise da compreensão de inclusão destacaram-se menções à inclusão como aprendizagem e como falácia e as manifestações de contradição relacionadas à temática. Falácia e contradições sendo os conteúdos mais frequentes e com crescimento acentuado nas últimas sessões. O reconhecimento e o enfrentamento de contradições são importantes para a transformação de um sistema de atividade. Contudo, ao fim da pesquisa, percebeu-se que as contradições geradas pela inclusão dos alunos com deficiência na escola regular são grandes demais para serem enfrentadas, com as condições disponíveis aos professores. Além disso, avaliou-se que a intervenção não deu suporte suficiente para tais transformações. Apenas poucas mudanças individuais foram observadas, não podendo ser consideradas como transformações do objeto da atividade e nem como aprendizagens expansivas.