As transformações na vida cotidiana dos Pescadores Artesanais da Vila Nova a partir da chegada do Estaleiro EBR em São José do Norte - RS.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Raquel Hadrich
Orientador(a): Soto, William Héctor Gómez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5298
Resumo: No extremo Sul do Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul abriga hoje o Polo Naval e Offshore de Rio Grande e Entorno. A expansão deste setor na região implica na demanda por áreas da Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG) atendendo às concepções das esferas do governo federal e estadual em torno do espaço. A área demandada para o projeto portuário se trata da extensão de faixas de terra a beira do estuário da Lagoa dos Patos que abrigam enumeras comunidades cuja formação está ligada à pesca artesanal. Este trabalho trata das transformações na vida cotidiana dos pescadores artesanais da Vila Nova que sofreram deslocamento compulsório mediante o pagamento de indenizações para a construção do Estaleiro EBR, parte do Polo Naval, em São José do Norte. Foram realizadas um total de onze entrevistas focalizadas nas quais colaboraram catorze pescadores e pescadoras artesanais entre os dias 19 e 21 de Janeiro de 2016. A presente análise da vida cotidiana foi possível a partir das contribuições teóricas dos autores Henri Lefebvre, Agnes Heller, José de Souza Martins, Michel de Certeau e John C. Scott. A implementação do estaleiro EBR significou um rompimento no espaço vivido dos pescadores da Vila Nova devido à imposição do espaço concebido representado pela atividade naval no estuário da Lagoa dos Patos. Dessa forma, as transformações na vida cotidiana deste grupo indicam que a aposta no crescimento econômico a partir da implementação de grandes projetos em regiões consideradas economicamente decadentes sufoca o desenvolvimento de um modo de vida vivenciado por este grupo. O processo representa um desrespeito à diferença, à diversidade de modos de vida a partir da imposição de um novo arranjo produtivo em um território tradicionalmente pesqueiro. Todavia, sempre há um caminho para a possibilidade de novos horizontes, novos caminhos e o novo cotidiano dos pescadores artesanais deslocados apresenta também elementos de resistência. Sutilmente os pescadores não aceitam o imposto, transformando sua realidade a partir de práticas que garantem sua reprodução social. Essas práticas se dão nos espaços do possível, nos espaços da possibilidade de desenvolvimento diante de um cenário não favorável ao homem e à mulher pescador e pescadora.