Doença periodontal materna e parto prematuro: estudo longitudinal de base populacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Oliveira, Luisa Jardim Corrêa de
Orientador(a): Demarco, Flávio Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Departamento: Faculdade de Odontologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4291
Resumo: Dentre as principais causas de morbidade e mortalidade infantil está o parto prematuro, quando o bebê nasce com até 37 semanas de gestação. A doença periodontal é uma doença inflamatória crônica que afeta os tecidos de suporte dos dentes. A sua ocorrência e progressão decorre de uma resposta do hospedeiro à presença do biofilme bacteriano e essa resposta é influenciada por fatores genéticos e comportamentais. Muitos esforços vêm sendo lançados para elucidar a associação entre doença periodontal e parto prematuro. A dificuldade em esclarecer essa questão se dá porque as variáveis relacionadas à doença periodontal e à idade gestacional podem não ter sido devidamente contabilizadas nos estudos já realizados, além de outras questões metodológicas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre doença periodontal durante a gestação e parto prematuro através de um estudo longitudinal prospectivo na Coorte de Nascidos vivos de 2015 de Pelotas. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: Componente Pré-natal, onde todas as gestantes com parto previsto para o ano de 2015 foram examinadas e entrevistadas; e o Componente Perinatal onde as mães de todos os nascidos vivos de Pelotas que compõem a Coorte de 2015 foram entrevistadas após parto. A variável desfecho foi a ocorrência de parto prematuro categorizada, a partir da idade gestacional, em a) nascimento prematuro precoce (entre 24 e 33+6 semanas) ; b) prematuro tardio (entre 34 e 36+6 semanas); c) termo precoce (entre 37 e 38+6 semanas); d) a termo: (entre 39 e 40+6 semanas); e) termo tardio (entre 41 e 41+6); e f) pós termo (acima de 42 semanas). A variável de exposição foi a doença periodontal definida pelo critério da Academia Americana de Periodontia em periodontite leve, moderada e severa. Utilizando-se o software Stata 12.0 – foram realizadas análises descritivas (frequências absolutas e relativas); bivariadas (teste Qui-quadrado) e modelos de regressão logística e de Poisson multivariados, estimando-se as razões de Odds ou de Prevalência e seus intervalos de confiança de 95%. Participaram deste estudo 2.474 gestantes. A prevalência de periodontite foi de 14,6% e a de gengivite foi de 21,7%. A presença de periodontite teve associação significativa com o hábito do tabagismo (p=0,005) com a presença de cálculo dentário (p=0,032) e com menor nível de escolaridade. Gengivite foi associada com menor escolaridade (p<0,001) e com a presença de cálculo dentário (p<0,001). As gestantes que apresentavam ao menos periodontite leve tiveram uma chance quase duas vezes maior de ter parto prematuro precoce (antes das 34 semanas), em relação as que não tinham doença mesmo após ajustes (RO 1,84; IC 95% 1,06-3,20). Em relação ao ponto de corte abaixo de 37 semanas, não houve associação significativa com periodontite. Os achados dessa tese revelam as condições periodontais das gestantes de Pelotas e confirmam a associação entre doença periodontal na gestação e parto prematuro precoce.