A obesidade está associada à cárie dentária na dentição decídua?: resultados de uma Coorte de nascimentos no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Corrêa, Yorrana Martins
Orientador(a): Schuch, Helena Silveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/10690
Resumo: A obesidade e a cárie dentária compartilham fatores de risco em comum, como a dieta do indivíduo e uma posição socioeconômica desfavorável. Embora este assunto seja amplamente discutido na literatura, não está elucidado se há associação entre essas duas variáveis (cárie e obesidade). Portanto, o objetivo do presente estudo é verificar a associação entre sobrepeso/obesidade e ocorrência de cárie dentária em crianças aos 4 anos, participantes da coorte de nascidos vivos de 2015, da cidade de Pelotas/RS. Este estudo longitudinal utilizou os dados obtidos nos acompanhamentos Perinatal, 24 e 48 meses. Como variável de exposição foi utilizado o sobrepeso/obesidade, calculado através de medidas antropométricas (peso e altura) e definido de acordo com os parâmetros propostos pela Organização Mundial da Saúde. Como fatores estratificadores, foram utilizados a escolaridade materna e renda familiar. O desfecho foi a cárie dentária aos 48 meses, avaliando experiência de cárie através do Sistema Internacional para Detecção e Avaliação de Cáries (índice ICDAS) simplificado modificado, além de severidade englobando estágio inicial com manchas brancas até estágio moderado à grave, com cavitação. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal de Pelotas, sob parecer n 717.271. Dos 4.275 participantes elegíveis, 3.375 crianças (50,5% meninos e 49,5% meninas) compuseram a amostra analítica. Aos 24 meses, 2.475 (73,3%) crianças estavam eutróficas (IC 95% 71,8; 74,8) e 900 (26,7%) apresentavam obrepeso/obesidade (IC 95% 17,5; 20,1 e IC 95% 7,0; 8,0). Em relação à prevalência de cárie aos 48 meses de idade, 37,6% apresentaram ocorrência de cárie (incluindo manchas brancas e restaurações) e 26,3% lesões cavitadas. Entre as crianças classificadas como eutróficas aos 24 meses, 38,5% apresentaram experiência de cárie aos 48 meses. Entre as crianças com obesas, a prevalência de experiência de cárie dentária foi de 34,8%. Padrão semelhante foi observado para as lesões cavitadas: a prevalência foi de 26,4% entre as crianças eutróficas, os mesmos 26,4% entre as com sobrepeso e 25,5% entre as obesas. A análise de regressão de Poisson considerando os fatores de confusão não mostrou diferença entre os grupos. Em conclusão, nosso estudo de coorte em crianças brasileiras de 48 meses não observou associação entre sobrepeso/obesidade e cárie dentária na dentição decídua. Nossos achados sugerem que o sobrepeso e a obesidade na infância não devem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento de cárie em crianças.