Aquisição de encontros consonantais com tap no português brasileiro: análises acústica e articulatória

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Barbieri, Thais Telles
Orientador(a): Gonçalves, Giovana Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Centro de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4485
Resumo: Este estudo investiga o processo de aquisição de encontros consonantais formados por obstruinte e tap em dados de fala acústicos e articulatórios de uma criança adquirindo o português brasileiro (PB) como língua materna. O principal objetivo do estudo é descrever e analisar a emergência de sílabas CCV (consoante + consoante + vogal) com base em pressupostos da Fonologia Articulatória (BROWMAN; GOLDSTEIN, 1989). Os objetivos específicos são i) verificar se a duração de vogais difere significativamente em função do tipo de sílaba (CCV ou CV); ii) verificar se a duração de obstruintes difere em função do mesmo fator; iii) descrever padrões de coordenação gestual envolvidos na produção de CCVs; iv) descrever padrões de coordenação gestual envolvidos na produção do tap e v) verificar de que formas dados acústicos e articulatórios se complementam. Para tais propósitos, foram realizadas coletas de dados de fala com dois grupos: i) uma criança adquirindo encontros consonantais e ii) três adultas. A criança realizou oito coletas longitudinais, enquanto cada adulta realizou uma coleta transversal. Os informantes produziram pares mínimos com diferentes sílabas iniciais, CCV ou CV (e.g. “prato” e ”pato”). As palavras foram gravadas em áudio e ultrassom, dentro de cabine acústica, com o programa AAA. Esses dados passaram por análise acústica e por análise articulatória qualitativa. Para a análise acústica, as palavras foram organizadas e segmentadas no programa Praat, para posterior realização de medidas. A partir destas, foram gerados valores médios que passaram por testes estatísticos paramétricos. Já a análise articulatória consistiu no exame qualitativo do contorno de língua no momento de máxima constrição da ponta de língua na produção do tap. Os resultados descritivos demonstraram que, na fala adulta, as durações de obstruintes e vogais são mais longas em CVs do que em CCVs, independentemente de contexto fonológico. As durações de vogais e obstruintes em CCVs e CVs foram comparadas por meio de um teste-T, o qual revelou diferenças significativas na maioria dos contextos. Os resultados mostraram, assim, que diferenças em duração não são exclusivas da fala infantil. Testes One-Way ANOVA compararam durações de obstruinte e vogal antes e depois de a criança começar a produzir CCVs. As obstruintes apresentaram diferenças em ambos os grupos; também, a criança apresentou vogais mais longas mesmo após começar a produzir CCVs. Portanto, os dados não parecem evidenciar alongamento compensatório, mas sim ajustes em duração, os quais seguem ocorrendo quando CCVs já são produzidas. As medidas elemento vocálico + vogal nuclear e elemento vocálico + tap + vogal nuclear foram comparadas a vogais em CVs; a segunda medida mostrou significâncias para todos os contextos. A inspeção articulatória identificou a produção de diferentes tipos de róticos, como tap, vibrante, retroflexa e aproximante. A realização do tap mostrou somente gesto de ponta de língua, e os contornos de língua sugerem que há uma coordenação gestual em processo de estabilização. Também, um teste-T comparou contornos de língua na produção do elemento vocálico e da vogal nuclear em CCVs. O teste não mostrou significâncias, o que sugere que elemento vocálico e vogal nuclear são o mesmo segmento, o qual não é interrompido, mas sim eclipsado pelo tap.