Representações sociais sobre a violência contra a criança para mulheres que a praticaram.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Rosa, Sueine Valadão da
Orientador(a): Soares, Marilu Correa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5803
Resumo: A violência contra as crianças acompanha a história da humanidade, embora tenha se constituído como um fenômeno privado da vida familiar. A criança foi considerada por muito tempo um objeto de ação do mundo adulto, não sendo reconhecida como um ser político e possuidor de direitos. Além disso, a compreensão equivocada do pátrio poder tem contribuído para instalação e manutenção dos maus-tratos infantis. O crescimento e desenvolvimento da criança estão intimamente relacionados à qualidade do meio ambiente em que ela vive. É fato que a violência contra a criança é um fenômeno complexo associado a muitos fatores, como as representações de infância, de violência e de relação entre pais e filhos, as quais foram construídas historicamente e estão estreitamente ligadas ao contexto sociocultural dos sujeitos. Assim, este estudo objetivou compreender as representações sociais sobre a violência contra a criança na visão de mulheres que a praticaram. Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório. Fizeram parte desta pesquisa cinco mulheres que praticaram algum tipo de violência contra a criança e que estavam em acompanhamento psicoterápico em uma instituição de atendimento às famílias em situação de violência em um município do sul do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados no período de julho e agosto de 2013, por meio de entrevista semiestruturada e com a construção de Genograma. Por meio da Análise Textual Discursiva e do referencial teórico da Teoria das Representações Sociais foram construídas seis categorias, descritas a seguir. (Des)aprendendo a se relacionar: evidenciou que as mulheres sofreram violência na infância, apontando que vivências violentas na infância podem ser compreendidas como normais, propiciando reprodução nas relações futuras. O discurso sobre papel materno: as mulheres expressaram representações do ser mãe coerentes com aquelas socialmente esperadas dos pais frente à criação dos filhos, entretanto o discurso não se afina com as práticas das participantes, uma vez que elas expressaram dificuldades em cuidar e proteger seus filhos. A violência como recurso nas práticas educativas: as mulheres relataram o uso de práticas educativas coercitivas justificando-as pela intenção educativa que guiava a atitude agressiva. Parentalidade sustentada pelo poder: as mulheres evidenciaram dificuldades em exercer uma parentalidade positiva, trazendo com elas a representação da criança como um ser inferior e submisso ao mundo do adulto. A violência no descontrole emocional: elas expressaram a violência contra a criança como um ato praticado e justificado pelo descontrole emocional. A compreensão da violência e a tentativa de ruptura: na representação da violência contra a criança as modalidades básicas de violência emergiram e as mulheres expressaram aparente tentativa de ruptura do circulo da violência que não se concretizava no seu cotidiano de vida. Conclui-se que as representações sociais sobre a violência contra a criança estavam ancoradas em aspectos históricos atrelados aos significados atribuídos à criança e infância e às vivências individuais das mulheres deste estudo. Assim, a enfermagem pode contribuir para desconstrução dessa chaga da infância na medida em que atua nos diversos cenários de atenção à saúde o que possibilita assistência às famílias nos três níveis de atenção.